Sobe a presença de cocaína nos esgotos das cidades de Lisboa e Porto

Lisboa ocupa o 16.º lugar no ranking sobre a presença de cocaína nas águas residuais das 56 cidades avaliadas. A posição do Porto é a 33.ª e a de Almada a 41.ª.

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Daniel Rocha

A presença de cocaína nos esgotos das cidades de Lisboa e Porto aumentou em 2017, segundo um estudo realizado a partir de amostras destas águas residuais.

Elaborado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), o estudo divulgado nesta quarta-feira avaliou amostras de águas residuais em 60 cidades europeias de 19 países para avaliar os consumos de droga dos seus habitantes.

Lisboa, Porto e Almada foram as cidades portuguesas analisadas, para o que contribuíram profissionais da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.

Em relação à cocaína, as águas residuais de Lisboa revelaram a presença de 271 miligramas (mg) diárias por 1000 habitantes (258mg em 2016). No Porto também se registou um aumento: 162mg diárias por 1000 habitantes (90,8mg em 2016).

Em Almada, os valores identificados foram de 82,4mg diárias por 1000 habitantes (68,1 mg no ano anterior).

O estudo avaliou ainda a presença de anfetaminas nos esgotos de Lisboa, Porto e Almada. Na capital, a quantidade detectada diminuiu (3mg diárias por 1000 habitantes, contra 3,3mg em 2016).

No Porto, os níveis detectados em 2017 estavam abaixo do nível de quantificação, tal como no ano anterior, enquanto em Almada foram registados 1,3mg, quando em 2016 os valores nem sequer eram quantificados.

A presença de metanfetaminas em Lisboa foi abaixo do nível de quantificação, tal como aconteceu em 2016, mas no Porto manteve-se nos 0,5mg diárias por 1000 habitantes. Em Almada, este valor subiu de 0,8 para 0,9mg diárias por 1000 habitantes.

Sobre o ecstasy o estudo identificou nas águas residuais de Lisboa 38,3mg diárias por 1000 habitantes (26,9mg diárias por 1000 habitantes).

No Porto, os valores mantiveram-se nos 10,8mg diárias por 1000 habitantes; em Almada, a presença desta droga subiu de 2,8 para 9,3mg diárias por 1000 habitantes, entre 2016 e 2017.

Lisboa ocupa o 16.º lugar no ranking quanto à presença de cocaína nas águas residuais das 56 cidades avaliadas. A posição do Porto é a 33.ª e a de Almada a 41.ª.

Segundo as conclusões do estudo europeu, as descargas nas águas residuais indicam que a cocaína terá um uso mais elevado em cidades do Ocidnte e do Sul da Europa, em particular em cidades belgas, holandesas, espanholas e do Reino Unido.

A análise das águas residuais aponta para níveis muito reduzidos na maioria das cidades do Leste europeu.

Quanto às anfetaminas, a detecção nas águas residuais mostra uma variação considerável nas várias cidades analisadas, com os níveis mais altos registados em cidades do Norte e do Leste da Europa.

O estudo demonstrou ainda diferenças nas cidades dentro do mesmo país, o que pode ser explicado pelos aspectos sociais e demográficos de cada localidade, como a presença ou não de universidades e de áreas de diversão nocturna.

Na maioria dos países com vários locais estudados, as descargas de cocaína e ecstasy foram maiores nas grandes cidades. Essas diferenças não são significativas nas anfetaminas e nas metanfetaminas.

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