Appaixonados, a comédia romântica que é uma aplicação

Depois de Casa do Cais e SUBSOLO, a RTP lança a sua terceira websérie neste ano. E é mais do que só um programa para ver na Internet: é também uma aplicação para telemóvel e tablet.

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Um encontro no cinema no primeiro episódio de Appaixonados DR

Ana Amorim é uma professora que em 2017, em pleno jantar de dia dos namorados, foi deixada pela pessoa com quem passou dez anos. Passado um ano, decide experimentar o mundo dos encontros por aplicação, através de uma espécie de Tinder, uma aplicação chamada Appaixonados. É esta a história de Appaixonados, a websérie da RTP que se estreou dia 27 de Fevereiro e é descrita por Guilherme Trindade, que a co-criou com João Harrington Sena com quem já tinha feito o telefilme Offline, como “uma comédia romântica interactiva”. É a terceira série da RTP Lab que a RTP Play estreia este ano: a meio de Janeiro começou Casa do Cais e no final desse mesmo mês saiu SUBSOLO.

Cada semana, Ana sai com uma pessoa diferente, escolhida pelo público que acompanha a história pela aplicação da própria série. Na aplicação, que é, segundo o autor, “a melhor e mais imersiva maneira de contar esta história”, os utilizadores têm acesso aos vídeos de apresentação das personagens, feitos à moda dos vídeos de encontros dos anos 1980 – também estão no YouTube, onde os episódios podem ser vistos em alta definição, mas a introdução de tudo, que é o momento em que a pessoa com quem Ana estava acaba com ela, só está disponível como introdução da aplicação. O episódio mais recente, o segundo, saiu esta terça-feira.

O uso de “pessoa” aqui é deliberado, já que ela sai tanto com homens quanto com mulheres, sem que isso seja visto como transgressor ou estranho. “A naturalidade era importante para nós. Mesmo que isso não seja realista em termos da discriminação real que as pessoas sofrem, o objectivo era ter uma representação positiva”, diz Guilherme Trindade, que é também realizador e editor da série. O primeiro episódio é um encontro no cinema com Cassandra, uma gótica pessimista interpretada por Sofia Arruda – os pretendentes de Ana incluem também poetas, estrelas de YouTube, empreendedores, geeks, hippies e ventríloquos, entre outros. “A naturalidade com que ela encara todas as possibilidades é o que mais me encanta”, partilha Solange Santos, a actriz que faz o papel da protagonista da série.

A parte da comédia é bastante importante e às vezes sobrepõe-se ao resto. “A preocupação é que as personagens sejam verdadeiras consigo mesmas e que haja algo a que os espectadores se possam apegar. Mas o maior foco é tentar que tenha piada, partilha Guilherme Trindade. 

Os episódios, de à volta de cinco minutos, são filmados ao fim-de-semana. É tudo “escrito, filmado, montado e publicado em menos de uma semana”, explica o co-criador, sob “imensa pressão” e com tempo limitado nos locais de rodagem. Porque o que vai acontecer, de semana a semana, depende sempre do que quem vê a série quiser. Não há a tentação de aldrabar os resultados das votações para a personagem sair com quem vocês quiserem? “Mentir para que corra como queremos seria demasiado perto de uma relação a sério, não é? E isto é ficção”, responde Ingrid Sousa, co-argumentista e produtora da série. “Temos ideias para as personagens todas, mas também estamos a contar uma história linear ao longo de 12 episódios e a personagem da Ana evolui”, afirma.

A experiência de cada encontro vai-se acumulando à medida que a saga de encontros de Ana vai avançando. “A Ana ter um date com a personagem x na primeira semana resulta numa postura diferente do que se tiver um date com essa personagem na semana 7, porque já teve seis outros que podem ter corrido bem, mal, super-mal ou catastroficamente mal, e isso altera uma pessoa e a sua capacidade de ter esperança no amor”, prossegue o autor. “Das coisas mais giras deste projecto é que, a partir do momento em que temos a votação do público, temos de encontrar as razões pelas quais a Ana escolheu aquela pessoa naquela fase da sua vida”, comenta Solange Santos.

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