Liga diz que tem direito a formar Governo - o 5 Estrelas também

Salvini, líder do partido xenófobo e eurocéptico reivindica o direito a liderar a coligação de direita. Di Maio diz que começou a “Terceira República”.

Salvini falou esta segunda-feira aos jornalistas
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Salvini falou esta segunda-feira aos jornalistas EPA
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Luigi di Maio ofereceu-se para formar uma coligação com qualquer partido ALESSANDRO DI MEO/EPA

Matteo Salvini defendeu nesta segunda-feira que cabe à Liga o direito de liderar o próximo executivo italiano, na sequência dos resultados das eleições de domingo e numa altura em que faltam contabilizar cerca de 8% dos votos. O partido antiimigração e antieuropeísta foi o mais votado da coligação de direita, pelo que o seu responsável diz-se preparado governar a Itália e “não vê a hora de começar”.

A aliança de partidos de direita – que também inclui a Força Itália, de Silvio Berlusconi – superou o Movimento 5 Estrelas, o mais votado do acto eleitoral de domingo.

Berlusconi não falou até agora. O ex-primeiro-ministro italiano, impedido de ocupar cargos públicos até 2019 devido a uma condenação por fuga aos impostos, tinha avançado com o nome do actual presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, como o próximo primeiro-ministro de Itália, na esperança de a sua Força Itália ser o partido mais votado da coligação de direita.

“O centro-direita foi a coligação que venceu [as eleições] e que pode governar. Vamos trabalhar para nos tornarmos no Governo maioritário (…), a nossa equipa está pronta”, afiançou Salvini, citado pelo Politico, revelando que o acordo pré-eleitoral entre os partidos da direita italiana determinou que a liderança de um eventual Governo recairia naquele que lograsse mais votos.

“O líder do primeiro partido dentro da coligação terá a honra de arrastar este país para fora do pântano”, afirmou numa conferência de imprensa realizada na sede da Liga em Milão.

Com 91,74% do total de votos contabilizados, o partido que nasceu da Liga Norte – uma força que até há bem pouco tempo tinha aspirações secessionistas, no norte de Itália – junta 17,6% das preferências, ao passo que a Força Itália fica-se pelos 14%. 

Face a estes resultados e aos contornos do acordo de coligação, Salvini surge como natural candidato a primeiro-ministro num Governo de coligação de direita, em detrimento de Antonio Tajani.

Para lá da esquerda e da direita

Questionado sobre se estaria a ponderar uma aliança com o vencedor das eleições, Salvini reforçou o seu compromisso com a direita e mostrou-se adverso a “coligações estranhas”. “O 5 Estrelas mudou de opinião demasiadas vezes e sobre demasiados temas. Por isso, por mim é um grande ‘não’”, garantiu.

Quando a Luigi di Maio, o candidato do Movimento 5 Estrelas (MS5) a primeiro-ministro, mostrou-se aberto a coligações com todos os partidos políticos. “Hoje começa a Terceira República”, declarou, em conferência de imprensa. “Este é um resultado pós-ideológico, que vai para além dos esquemas da esquerda e da direita. Encara de frente os grandes assuntos não resultados da nação. Em suma, em causa estão temas, e não ideologias”, sublinhou, citado pela Ansa. 

Nestas eleições, o Movimento 5 Estrelas triplicou o número de parlamentares eleitos, frisou Di Maio. “Regiões inteiras passaram para o MS5”, afirmou. “Sentimos a responsabilidade de dar um Governo ao país. Dizemo-lo sobretudo aos investidores: sentimos esta responsabilidade”, assegurou, numa piscadela de olho aos sensíveis mercados.

Também o líder da Liga aproveitou ainda a sua primeira intervenção pós-eleições para falar nos mercados e na moeda única europeia. Aos primeiros, assegurou que “não têm nada a temer” com um futuro Governo liderado pela Liga, e à segunda voltou a torcer o nariz. “O euro foi, é e continua a ser um erro”, criticou Salvini.

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