Um salto de ouro que acabou reduzido a bronze

No concurso do triplo salto dos Mundiais de pista coberta, Nelson Évora bateu o recorde nacional por larga margem. E comandou a prova até perto do final.

Foto
Reuters/JOHN SIBLEY

Nelson Évora é eterno! A dois meses de cumprir 34 anos, o triplista português, campeão mundial ao ar livre em 2007 e olímpico no ano seguinte, conquistou neste sábado mais uma medalha global no atletismo, ao terminar em terceiro na final da sua disciplina na 23.ª edição dos Campeonatos Mundiais de pista coberta, que no domingo se conclui em Birmingham.

Depois de tudo o que passou, com operações a uma perna e retoma muito difícil da competição, este feito, na sequência de outros três — medalha de bronze nos Mundiais ao ar livre de 2015 em Pequim, títulos europeus de pista coberta nesse ano em Praga e no ano passado em Belgrado — parece um milagre. O que é certo é que Évora viu muitos dos seus contemporâneos no triplo salto encerrarem a carreira e, contra ventos e marés, continua a competir. E a facturar ao mais alto nível.

A prova de deste sábado começou muito bem para o português, com 17,14m ao primeiro ensaio e um sinal para a sua equipa técnica de “calma”, já que as coisas estavam apenas a começar. O maior favorito do concurso, o americano Will Claye, começou mal, ao invés, e só depois do terceiro salto encontraria o caminho para os 17 metros. Foi, de início, o brasileiro Almir dos Santos que se mostrou a maior ameaça para Évora. No segundo ensaio, mesmo sem apanhar a tábua de chamada, aterrou a 17,22m. Mas o português reagiu de imediato no salto seguinte e ei-lo a atingir 17,40m, na altura a melhor marca mundial do ano e recorde nacional em pista coberta, batido por oito centímetros. Com este resultado, já se sabia que dificilmente ficaria de fora das medalhas. E assim foi.

Porém, a medalha final seria a de bronze. Will Claye acertou um salto à quarta tentativa e tomou o comando, com 17,43m. Nelson respondeu com 17,25m, mas veria Almir dos Santos fazer 17,41m na quinta ronda, fechando o pódio. Évora era o último a saltar e teria sempre a derradeira palavra, mas, como tantas vezes acontece no triplo salto, o último ensaio já não mudou a classificação e o bronze ficou como cor do sucesso do agora sportinguista. A um centímetro da prata, a três do ouro, naquele que foi o pódio mais compactado em Mundiais, indoor ou outdoor, no triplo salto.

Com o azeri, originário de Cuba, Alexis Copello num distante quarto lugar, com 17,17m, os três atletas que subiram ao pódio asseguraram as três melhores marcas de 2018.

Esta medalha soma-se a outra de bronze, na longa lista de Nelson Évoara, obtida em Mundiais indoor, pois fora também terceiro em 2008, em Valência, dois anos após ter acabado em sexto, em Moscovo. No pós-crise, acabaria em quarto há dois anos, em Portland, quando venceu o chinês Dong Bin, neste sábado apenas oitavo classificado, com 16,84m.

Na parte da manhã deste intenso terceiro dia de campeonatos, Tsanko Arnaudov acabou em 12.º lugar, com 19,93m, numa fantástica final do lançamento do peso, ganha pelo neo-zelandês Tom Walsh, com 22,31m, melhor marca de 2018 e recorde absoluto da Oceânia.

A estafeta feminina portuguesa de 4x400m, em estreia numa competição deste gabarito, foi eliminada em quinto e último lugar na segunda meia-final, mas pulverizou o recorde nacional: 3m35,43 s. A equipa foi constituída por Filipa Martins, Cátia Azevedo, Rivinilda Mentai e Dorothe Évora, irmã de Nelson Évora.

Nos 1500m femininos, a etíope Genzebe Dibaba (4m05,27s) juntou o triunfo àquele que havia obtido no dia inaugural nos 3000m — e, à sua imagem, a britânica Laura Muir e a holandesa Sifan Hassan juntaram também medalhas às que haviam conquistado na prova maior.
No final do dia, o americano Christian Coleman confirmou-se, nos 60 metros, como o homem mais rápido da actualidade, com o tempo excepcional de 7,37s, o segundo da história, meio metro adiante do chinês Su Bingtian, que voltou a bater o recorde asiático, com 7,42s.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários