Na Fauna & Flora há gostos para todos, do pequeno-almoço ao jantar

Joana Faria criou o espaço onde gostaria de ir comer. Privilegiou a flora, mas não deixou de parte a fauna. É um espaço para quem quer optar por tomar um pequeno ou grande almoço saudável em Lisboa.

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Nuno Ferreira Santos

O Fauna & Flora tem o dedo de uma miúda de Matosinhos, com gosto para a cozinha, que diz ter tido sempre o sonho de ver as pessoas felizes a comer. Num espaço onde pudessem degustar a sua comida e sair de lá de sorriso estampado no rosto. O Fauna & Flora até pode ter demorado muito tempo a sair do papel — “Já vem mais tarde do que aquilo que nós gostaríamos” — mas terá vindo no tempo certo, diz Joana Faria, a responsável por ter trazido mais fauna e mais flora para o bairro da Madragoa, em Lisboa.

Joana chegou a Lisboa, há 14 anos, saída das Belas-Artes e carregada de sonhos, para trabalhar numa produtora de publicidade. “As ideias estavam sempre a fervilhar e isto já era uma coisa que estava muito concreta na minha cabeça”, diz Joana, hoje com 36 anos.

O sonho de abrir um espaço seu era antigo, diz, até que chegou uma altura em que foi preciso pensar nas coisas “mais a sério”. Desafiou Ricardo Ribeiro, o primo que tem no Grande Porto alguns restaurantes já renomados, como o Terminal 4450, em Leça da Palmeira. E que acabou por aceitar o desafio de ajudá-la a desenhar um espaço onde fossem servidas as refeições que Joana fazia lá em casa, para ela e para os amigos.

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Nuno Ferreira Santos

Depois, foi tratar de arranjar um espaço. “Aqui em Lisboa o arrendamento está muito complicado. Essa procura foi o que demorou mais tempo”, conta. Acabaram por encontrá-lo no número 33 da Rua da Esperança, no bairro da Madragoa, num espaço que já foi um restaurante de jantares de grupo, o Orange.

Quem conhecia o antigo espaço, garante Joana, nem sequer o reconhece agora. O ambiente tem pinta de selva tropical. Muitas plantas, para fazer jus à flora, tons claros e um toque de madeira nas mesas e no balcão que é feito, por exemplo, de portas de edifícios que estão a ser agora reabilitados e que hão-de ter novas portas.

“Sou um bocadinho recolectora. Guardo coisas que vou encontrando. Vou ao lixo e às coisas velhas, aos prédios que estão em obras pedir coisas. E aqui fizemos um bocadinho isso. Fomos construindo com coisas que tinha. E a ideia é este match (combinação) de várias coisas antigas com novas, de dar vida a coisas que se calhar já não teriam uma”, explica Joana. 

Vamos à carta. Tem uma inspiração muito vegetal, com muitas frutas, que vai beber à própria alimentação de Joana e ao que ela gosta de comer. “Tem a ver com coisas que eu fazia para mim e que gostava de fazer para os outros”, conta.

E há um pouco de tudo, a todas as horas: há taças de iogurte com granola caseira e fruta da época (5€), de açaí (6,50€) e smoothie bowls de frutos vermelhos ou detox (6,50€). Há panquecas doces (rondam os 6€), mas também uma versão salgada, com bacon crocante, ovo estrelado, maple syrup e cebola caramelizada.

Há ainda tostas, de flora (vegetarianas), como a avotoast, (5€) com abacate e ovo e que é a estrela da casa. “É uma combinação que não tem muito espaço de falha”, nota Joana. E tostas da fauna (8€), como a Nord, com salmão fumado, ricotta e ovos escalfados, a Teriycow, de picadinho de vaca e teriyaky em base de abacate, e a Ibérica, com presunto crocante e compota de cebola roxa.

Para quem quiser optar por uma refeição mais robusta, há bowls, taças recheadas, por exemplo, com caril de frango com basmati e romã (11€), com atum braseado com sésamo, quinoa e legumes grelhados (12€) ou uma bolonhesa crudívora — com ingredientes crus — com cogumelos marinados, noodles de curgete e cenoura (9,50€).

Na carta há ainda espaço para miniburguers (entre os 6 e os 7€) e snacks como as chips de batata doce (3€), húmus de beterraba (4€), baba ganoush e guacamole (4,50€).

Para já a carta é fixa, mas a ideia é que seja sazonal, que vá acompanhando as estações para utilizar mais frutas e legumes da época.

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Nuno Ferreira Santos

O Fauna & Flora abriu no final de Novembro e segue o conceito de pequenos e grandes almoços saudáveis em Lisboa. É certo que privilegia muito a flora (a própria Joana não come carne), mas não deixou de parte os pratos de carne e de peixe. “Acho que já não há tanto aquela ideia do prato da comida, de ter a batata ou o arroz. Também pode ser, mas é bom saber que há outras alternativas”, diz.

É por isso que os pratos estão disponíveis a qualquer hora do dia. Hoje são já 14 funcionários, que se encarregam de confeccionar todos os pratos ali. Para já, diz Joana, o negócio tem corrido bem. Geralmente, portugueses e estrangeiros fazem fila à porta para provarem as iguarias feitas ali.

“Temos muitos estrangeiros que vivem na zona. São um público fiel, temos clientes que vêm cá todos dos dias”, conta. Mas o bom mesmo “é ver muita gente a voltar”.

No futuro, quem sabe, o espaço poderá estar aberto também à noite. Tem sido um pedido recorrente dos clientes, diz Joana. Depois disso, é pensar dar outros irmãos ao Fauna & Flora. Para que mais pessoas possam sair de barriga cheia e de sorriso estampado no rosto.

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