Rede telefónica destruída por fogos está reconstituída, mas é difícil contactar clientes

Altice sublinha dificuldades em contactar os clientes. Garantia surge no dia em que foi notícia a morte de uma mulher que ficou sem socorro numa aldeia sem comunicações. Anacom está a investigar.

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Adriano Miranda

A empresa de telecomunicações Altice voltou hoje a afirmar que toda a sua rede de comunicações fixa e móvel que foi afectada pelos incêndios já está reconstruída. Dos clientes afectados, a Altice estima que “99,5% tem os seus serviços repostos, sendo de salientar que a maioria das ligações que faltam efectuar se devem à incapacidade de chegar ao contacto com vários clientes destas zonas”.

O comunicado da empresa de telecomunicações chega no mesmo dia em que o Jornal de Notícias dá conta de que “mais de quatro meses depois dos incêndios de Outubro ainda há aldeias do interior sem telefone fixo”. O jornal diário lembra o caso de Ângelo Farinha, um homem de 79 anos que vive numa localidade no concelho da Sertã, e que na semana passada se viu obrigado a percorrer dois quilómetros a pé para procurar ajuda para a mulher que sofreu uma paragem cardíaca a meio da noite.

Sobre este caso em específico, a Altice diz que antes desta situação “foram mantidos contactos com o cliente em causa, tendo este sido contactado no dia 5 de Janeiro de 2018, sem sucesso. Posteriormente, foi enviada uma carta para a sua habitação, a 12 de Janeiro de 2018, no sentido do cliente entrar em contacto com a Altice Portugal, para ser feito o agendamento da reposição do serviço. Não tendo a Altice Portugal registo de qualquer contacto do cliente para confirmar e efectivar esse agendamento”.

A empresa sublinha que o “local onde habita o cliente tem cobertura de rede móvel, sendo possível efectuar chamadas com sucesso e qualidade”.

Anacom investiga

O ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques anunciou esta sexta-feira que a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) fará uma “análise aprofundada desta situação”.

Além disso, "o regulador já informou que iniciou um processo de fiscalização no terreno de reposição das condições de serviços por parte das várias operadoras. Essas operadoras têm vindo a dar nota pública de uma reposição significativa das comunicações, mas continua a haver queixas, a haver situações concretas, que vão sendo reportadas", disse o ministro citado pela agência Lusa.

O PCP já anunciou que quer ouvir o ministro na Assembleia República para o questionar sobre as eventuais falhas que ainda existem nas comunicações nestas localidades. “Insistiremos para que sejam tomadas medidas e também para que sejam consideradas as de fundo relativamente à recuperação do controlo público da PT/Altice, de forma a que o Estado possa, por sua mão, resolver os problemas das populações sem que estas estejam sujeitas aos critérios do lucro e da rentabilidade que a empresa, pelos vistos, coloca acima da vida das pessoas”, disse João Oliveira, líder da bancada parlamentar comunista.

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