Ruben Semedo está detido, mas não está sozinho — outros 15 jogadores com problemas na justiça

Fugas ao fisco, posse de armas ou relações sexuais com menores. O mundo do futebol tem vários atletas que tiveram de prestar contas à justiça. A uns ditou-lhes o fim da carreira; a outros nem por isso.

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O internacional português Miguel, que jogou pelo Benfica, foi acusado por posse de arma ilegal PEDRO CUNHA

Além de defenderem as suas equipas em campo, não são raros os casos de jogadores de futebol que têm também de se defender em tribunal. É o caso de Ruben Semedo, o jogador português detido nesta segunda-feira, que ficou em prisão preventiva em Espanha, acusado de crimes como tentativa de homicídio, sequestro, agressões, tentativa de roubo e posse ilegal de armas. O PÚBLICO reuniu alguns exemplos de outros futebolistas que tiveram problemas com a justiça.

Há casos mais graves de homicídio, como o brasileiro Bruno Souza, mas não faltam também jogadores que foram acusados de condutas sexuais impróprias ou tráfico de droga. Mais recentemente, tem havido também uma série de jogadores acusados de fugirem ao fisco, como o português Cristiano Ronaldo ou o argentino Lionel Messi.

Bruno Fernandes de Souza

Bruno Fernandes de Souza, antigo guarda-redes brasileiro do Flamengo, foi condenado a uma pena de prisão de 22 anos em 2010 por ter matado a mãe do seu filho e ex-namorada, a modelo Eliza Samudio – formalmente, foi acusado de sequestro, assassinato e ocultação do cadáver. Souza tinha sido condenado a 22 anos e três meses de prisão, mas acabou por sair em liberdade provisória em Fevereiro do ano passado, com apenas um terço da pena cumprida. E isso não afectou a sua carreira: em Março de 2017, o jogador assinou um contrato com o clube brasileiro Boa Esporte, sendo este um dos muitos casos em que o futebol brasileiro trata com impunidade jogadores acusados de crimes graves. Pouco tempo depois de ter sido libertado e de ter assinado o contrato, voltou para trás das grades.

Franck Ribéry

O extremo internacional francês defende as cores do Bayern Munique desde 2007. Em 2010 viu-se envolvido em problemas com a justiça francesa depois de ser acusado de ter tido relações com uma acompanhante menor de idade. O jogador disse à justiça que desconhecia o facto de a acompanhante ser menor de idade. O tribunal aceitou a argumentação dos advogados de defesa do jogador e acabou por absolver o francês.

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Karim Benzema (à esquerda) e Franck Ribery (à direita) REUTERS/Patrice Masante

Karim Benzema

O avançado francês que representa o Real Madrid encontra-se excluído da selecção gaulesa por divergências com o actual seleccionador Didier Deschamps. Em 2010 esteve envolvido no mesmo escândalo que Franck Ribéry. No dia 4 de Novembro de 2015 foi acusado pelas autoridades francesas por, alegadamente, ter participado num esquema de chantagem que visava o seu colega de selecção, Mathieu Valbuena. Em 2017 o advogado de Benzema recorreu e o Supremo Tribunal francês deu-lhe razão. O seu advogado acredita que a anulação do caso seja o desfecho mais provável.

Adam Johnson

O internacional inglês que jogou como médio no Manchester City e no Sunderland está preso desde 2016, depois de admitir ter-se envolvido sexualmente com uma menor de idade, uma adepta do Sunderland que tinha 15 anos. Adam Johnson, que jogou também pela selecção principal inglesa, foi suspenso (e posteriormente despedido) do britânico Sunderland, clube que representava na altura em que começou a investigação policial. Começou por negar o envolvimento sexual com a adolescente, dizendo que apenas a tinha beijado, mas acabou por confessar as acusações – sendo condenado a uma pena de seis anos.

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Adam Johnson na altura do julgamento REUTERS/Phil Noble

Miguel

O ex-jogador e internacional português, que se destacou ao serviço do Benfica, Valência e da selecção portuguesa, em 2009, esteve envolvido num tiroteio numa discoteca no Seixal. Acabou por ser acusado por posse de arma ilegal pelo Ministério Público, em 2012.

Freddy Rincón

O ex-jogador do Real Madrid, Corinthians e selecção colombiana, que fez a sua carreira maioritariamente no Brasil, foi preso em 2007 sob a acusação de lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas. Em 2015 voltou a ter problemas com a justiça, chegando mesmo a ser procurado pela Interpol, que trabalhava em colaboração com a justiça panamiana. As acusações repetiram-se: lavagem de dinheiro no Panamá e ligação ao tráfico de drogas. Nesse mesmo ano, a justiça panamiana suspendeu o mandado de prisão.  

Breno

O defesa brasileiro – que chegou a ser apontado como uma das grandes promessas do futebol brasileiro da sua geração – foi condenado a três anos e nove meses de prisão por fogo posto depois de incendiar a própria casa, em Setembro de 2011, quando jogava no alemão Bayern Munique. Passados poucos dias de ter saído da prisão de Munique, em 2014, assinou contrato pela equipa brasileira do São Paulo, clube onde o jogador foi formado. Actualmente, representa o Vasco da Gama.

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Breno, ao centro REUTERS/Adnan Abidi

René Higuita

O excêntrico guardião colombiano, conhecido pelas suas defesas pouco convencionais e pela sua imagem igualmente peculiar, viu durante a década de 1990, o seu nome ser relacionado com o do traficante colombiano Pablo Escobar. Em 1993, o guarda-redes esteve preso durante seis meses, acusado de sequestro. Nesta altura, Higuita era o guarda-redes titular da selecção colombiana, mas acabou por falhar o Mundial de 1994 por estar detido.

Leônidas da Silva

Um nome que dificilmente figurará na memória de todos, Leônidas da Silva foi um dos melhores avançados da história do Brasil, eleito o melhor jogador do mundial de 1938, pioneiro na popularização e execução do chamado “pontapé de bicicleta”. Destacou-se sobretudo ao serviço do Flamengo e São Paulo. Em 1941 foi detido por falsificar o certificado de dispensa do serviço militar e cumpriu uma pena de oito meses de prisão.  

Edmundo

Em 1995, o polémico avançado internacional brasileiro que jogou em clubes como Flamengo, Vasco da Gama e Palmeiras, envolveu-se num acidente de carro do qual resultaram três mortos e cinco feridos. Foi condenado pela justiça brasileira a quatro anos e meio em regime semiaberto por homicídio involuntário e lesões corporais, mas acabou por estar apenas um dia preso. O processo foi arquivado alguns anos depois pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil.

George Best

O talentoso e irreverente extremo do Manchester United – que se destacou como uma das figuras principais do futebol inglês e internacional na década de 1960 – conhecido também fora das quatro linhas pelos seus problemas com alcoolismo, diz a BBC, foi preso por conduzir embriagado e por agredir um agente da autoridade. A pena resultou em 12 semanas de detenção.

À bola com a fraude fiscal

As fintas ao fisco têm levado vários futebolistas de renome a darem satisfações à justiça: desde Cristiano Ronaldo a Lionel Messi, acusados de fraude fiscal relacionada com a exploração dos seus direitos de imagem, a Neymar, que é a par com o Barcelona acusado de corrupção e evasão fiscal. E ainda o histórico Maradona, que se considera inocente.

Cristiano Ronaldo

O jogador português Cristiano Ronaldo, que joga pelo Real Madrid desde 2009, foi acusado pelo fisco espanhol de fugir ao pagamento de impostos entre 2011 e 2014, num valor de 14,7 milhões de euros. É acusado de ter utilizado uma empresa irlandesa para explorar (e ocultar) os seus rendimentos provenientes dos direitos de imagem, declarando menos do que deveria e declarando alguns rendimentos como sendo de capital mobiliário e não de actividades económicas, o que reduziria o montante a ser cobrado. Tudo isto faz com que o português possa incorrer numa multa superior a 28 milhões de euros e prisão efectiva de um mínimo de sete anos, segundo o Ministério das Finanças espanhol. Ronaldo é desde o início de 2010 considerado residente fiscal em Espanha.

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O português Cristiano Ronaldo REUTERS/Jon Nazca

Messi

O jogador argentino Lionel Messi foi condenado no ano passado a 21 meses de prisão por fraude fiscal no valor de 4,1 milhões de euros às finanças espanholas, entre 2007 e 2009. O esquema de fraude envolvia uma série de empresas instaladas em vários paraísos fiscais, que lhe permitiam não declarar os valores que recebia, incluindo aqueles relacionados com os seus direitos de imagem, num total de mais de dez milhões de euros. Como se tratava de uma pena inferior a 24 meses e como não tinha antecedentes criminais, o internacional não cumpriu a pena num estabelecimento prisional, tendo antes sido condenado a pagar uma multa de 252 mil euros.

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Lionel Messi Reuters/Andrew Boyers

Maradona

O antigo futebolista argentino Diego Maradona foi acusado de fraude fiscal por não cumprir o pagamento de imposto sobre o rendimento em Itália durante a segunda metade da década de 1980, altura em que jogava no Nápoles. Maradona, considerado um dos melhores futebolistas da história, foi em 2005 condenado a pagar mais de 37 milhões de euros, 23 dos quais de juros, por fraude fiscal. Em 2016 recusava-se a pagar a quantia, dizendo que “não deve nada a ninguém” e, hoje, este valor ascende a mais de 40 milhões. "Eu não devo nada a ninguém e, apesar de ser inocente, sou tratado como um dos piores criminosos do mundo", disse o ex-jogador argentino em 2016. Maradona foi campeão do mundo em 1986 com a selecção argentina e actualmente treina o Al-Fujairah FC, dos Emirados Árabes Unidos.

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Adeptos do Nápoles com imagens de Maradona da altura em que jogava no clube italiano REUTERS/Ciro De Luca

Neymar

O internacional brasileiro Neymar, que joga actualmente pelo Paris Saint-Germain, foi a julgamento no ano passado, juntamente com o Barcelona (onde jogou), por fraude e corrupção no âmbito da sua transferência do Santos para o clube espanhol. Na base da acusação de fraude e evasão fiscal, feita pelo Ministério Público brasileiro, está um contrato assinado em 2011, pelo qual o brasileiro receberia 40 milhões para assinar no futuro pelo Barcelona. Isto, no entender de um dos juízes, “alterou o mercado livre de contratação de futebolistas”, podendo constituir um crime de corrupção privada. Em Outubro do ano passado, um tribunal brasileiro de segunda instância condenou também o futebolista a pagar uma multa de um milhão de euros por este ter actuado de “má-fé” para atrasar o decorrer do processo de evasão fiscal supramencionado.

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O brasileiro Neymar REUTERS/Benoit Tessier
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