Pedro Dias contou versão “fantasiosa”, diz procuradora

A magistrada insistiu que as declarações são contrariadas por elementos de prova do processo.

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LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

Nas alegações finais, esta quinta-feira, a procuradora esteve mais de uma hora e meia a analisar toda a prova produzida em julgamento, qualificando a versão apresentada por Pedro Dias como “fantasiosa”.

A magistrada insistiu que as declarações são contrariadas por elementos de prova do processo. Exemplo disso, diz, é o facto de a arma usada para matar o casal Pinto, que pertencia ao primeiro militar morto, apresentar vestígios biológicos do arguido e ter sido encontrada na serra da Freita, um dos locais por onde Pedro Dias passou nos 28 dias de fuga.

Diz ainda que a conjugação de várias provas recolhidas, nomeadamente a geolocalização da viatura da GNR, torna “inquestionável” que a morte do casal aconteceu já depois do segundo militar ter sido baleado e estar gravemente ferido, o que desmente a versão de Pedro Dias. Lembra igualmente que os vestígios de pólvora encontrados no casaco do militar se concentravam na zona do pescoço, perto dos locais onde tinha sido atingido e não nas mangas.

Sobre as alegadas agressões de que foi alvo, a procuradora afirma que, apesar dos inúmeros vestígios analisados em vários locais, só foi descoberto sangue do arguido, uma vez, muitas horas depois do primeiro homicídio, quando o suspeito se encontrou com uma ex-namorada que trocou de carro com ele.

O advogado Pedro Proença sublinhou também que não era possível o arguido ter sido brutalmente agredido pelo militar da GNR e poucas horas depois passear-se num supermercado sem qualquer sintoma, uma visita registada pelas câmaras de videovigilância do estabelecimento. Lembra ainda que a ex-namorada de Pedro Dias referiu que o mesmo não aparentava qualquer lesão.

Provados todos os crimes

A procuradora fez questão de enumerar todos os elementos que permitiram confirmar o depoimento da principal testemunha da acusação, o militar que sobreviveu, realçando que as suas declarações foram confirmadas pela geolocalização do carro da GNR e de telemóveis, registos telefónicos, relatórios médicos, análises de vestígios, entre outros. Considerou mesmo “exemplar” o cruzamento da prova feita pela investigação, com muita prova científica.

Nas alegações finais, a procuradora considerou provados todos os crimes de que Pedro Dias estava acusado, com excepção da tentativa de homicídio de uma mulher de Moldes.

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