A idade é um obstáculo à mudança?

Os professores em Portugal são em média mais velhos do que os seus parceiros de outros países. E isto, segundo a OCDE, é um desafio para o desenvolvimento da flexibilidade curricular.

Foto
Diferença etária entre alunos e professores é cada vez maior Cláudia Ribeiro

O envelhecimento da classe docente em Portugal, superior ao registado em média nos países da OCDE, foi um dos desafios apontados pela organização para o desenvolvimento do projecto de flexibilidade curricular, que pressupõe a adopção de novas práticas pedagógicas e de um trabalho de colaboração entre os docentes. No ensino básico, 37% dos docentes têm mais de 50 anos (32% na OCDE), enquanto no secundário são 38% (40% na OCDE).

“Não é por aí que o sistema vai falhar”, assegura Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, adiantando que “não obstante a idade os professores continuam a tentar inovar e a ser interventivos”. “Até vejo nisso uma vantagem, porque significa que têm mais experiência” refere, pelo seu lado, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Este responsável admite que, “como em todo o lado, haja professores resistentes à mudança”, mas considera que estão longe de ser a maioria e espera até que estes possam ser “contaminados por um projecto positivo”.

Apesar de confiar nas competências do actual corpo docente, que define como “fantástico”, Manuel Pereira considera que o envelhecimento da classe é preocupante, até porque a “diferença etária entre alunos e docentes é cada vez maior e isso não é bom”.

Entre os pontos fortes apontados ao projecto de flexibilidade, que envolve 225 escolas, a OCDE aponta o facto de este estar a ajudar a “identificar dirigentes escolares e professores entusiastas, que funcionam como uma fonte de apoio à adopção de novas práticas”. “O projecto-piloto tem posto em evidência a inovação e a criatividade de professores e dirigentes escolares, bem como um sentimento de bem-estar entre os docentes”, refere ainda a OCDE.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários