“Dor de cabeça de protocolo” para os sul-coreanos por causa de Kim e Pence

Poderosa irmã do líder norte-coreano e vice-presidente dos EUA vão estar na cerimónia de abertura. A pergunta para a organização é: quão perto é demasiado perto?

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Mike Pence já está na Coreia do Sul em vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno Reuters

Não há qualquer intenção de os membros da comitiva norte-coreana – entre os quais a poderosa irmã do Presidente, Kim Yo-jong – se encontrarem com quaisquer responsáveis americanos – incluindo o vice-presidente Mike Pence – nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, um resort sul-coreano muito perto da fronteira com a Coreia do Norte. Mas como Kim e Pence vão estar a poucos metros de distância na cerimónia de abertura, este cenário está a deixar a Coreia do Sul com uma dor de cabeça de planeamento.

Além da dificuldade em sentar Pence e Kim (quão perto é demasiado perto?), os responsáveis da Coreia do Sul que estão a planear a cerimónia têm ainda de decidir onde ficará o primeiro-ministro do Japão, país que atravessa um período de tensão tanto com a Coreia do Norte como com a Coreia do Sul.

A delegação norte-americana incluindo Pence, que descreveu a Coreia do Norte como o regime mais tirano do mundo, já chegou a Pyeongchang. Kim Yo-jong, por sua vez, deverá chegar na sexta-feira.

Seul quer usar os Jogos para recomeçar um diálogo com Pyongyang, e por isso a presença da poderosa irmã de Kim Jong-un é importante. Porém, também não quer provocar momentos desconfortáveis. “É uma dor de cabeça de protocolo”, desabafava, em declarações prestadas à Reuters, um responsável pela organização. Especialmente porque Pence ameaçou, na véspera, com novas sanções e levará na comitiva o pai de um estudante norte-americano que morreu em 2017 depois de 17 meses de detenção na Coreia do Norte. Além disso, Kim está na lista negra dos EUA por abusos de direitos humanos.

Pyongyang já disse que não tem intenção de manter contactos com qualquer responsável norte-americano durante a estadia na Coreia do Sul. “Nunca implorámos por diálogo com os EUA e não vamos fazê-lo agora nem no futuro”, disse Jo Yong-sam, um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, à agência KCNA.

Os EUA não tinham pedido contactos com a Coreia do Sul, mas Pence deixou essa possibilidade em aberto, ao mesmo tempo que anunciava “o mais duro e agressivo pacote de sanções económicas de sempre à Coreia do Norte”.

Parada discreta em Pyongyang

Do lado de Pyongyang, uma parada militar assinalando o aniversário do Exército (a data não foi marcada para coincidir com a véspera dos Jogos, mas sim por ser um aniversário importante, dos 70 anos da fundação do Exército) pareceu mais pequena do que as paradas de anos anteriores, dizem analistas.

E Kim não falou directamente dos EUA, tendo apenas declarado: “Temos destruído as provocações do inimigo a cada acção”. Algo um pouco diferente das habituais ameaças de fazer os EUA explodir em chamas, por exemplo.

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