Pais gostam mais que os filhos vejam televisão do que estejam na internet

Inquérito realizado pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social junto de 650 agregados mostra que só um em cada 10 pais vigiam a utilização da Internet pelos filhos.

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Os tablet são os preferidos das crianças para aceder à internet Daniel Rocha

Os pais atribuem uma “função pacificadora” à televisão, mas não têm a mesma percepção em relação ao uso da Internet. Esta é uma das conclusões de um inquérito realizado pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) junto de 650 agregados familiares com crianças entre os três e os oito anos, que foi completado por uma série de entrevistas e observação em lares de 20 famílias.

Os dados, divulgados em 2017, foram analisados por uma série de especialistas neste domínio, o que deu origem ao e-book Boom Digital? Crianças (3-8 anos) e Ecrãs, que se encontra disponível desde esta terça-feira no site da ERC.

Nos inquéritos realizados, 73% dos entrevistados concordaram “com a afirmação de que a criança está calma quando está a ver televisão”. “Esta função apaziguadora pode complementar a de baby-sitter electrónica: 54% dos inquiridos concordam com a afirmação de que têm um tempo de descanso quando a criança está a ver televisão”, destaca, no artigo Crescendo entre Ecrãs, uma equipa de investigadores liderada por Cristina Ponte da Universidade Nova de Lisboa.

Os investigadores frisam, de seguida, que esta “função apaziguadora é menos reconhecida por pais cujos filhos usam a Internet: pouco mais de metade (54%) concorda com a afirmação de que a criança está calma quando está nesses ecrãs e menos de um terço (30%) concorda com a afirmação de que eles mesmo têm um tempo de descanso”. Segundo os investigadores, esta diferença relativamente à televisão pode dever-se ao facto de a Internet proporcionar “actividades mais dinâmicas, como a procura de conteúdos, e uma maior interacção”.

Na mesma linha, os resultados do inquérito nacional mostram também que todas as crianças vêem televisão, mas só 38% usam Internet. Este acesso cresce com a idade, passando de 22% entre os 3-5 anos para 62% das crianças com 6-8 anos. Apesar de mostrarem maiores preocupações em relação à Internet do que à televisão, apenas um em cada dez pais disse que realizava “mediação técnica”, como bloquear ou filtrar sites ou verificar o histórico das páginas visitadas.

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