Terceira condenação de Larry Nassar resulta em mais 40 a 125 anos de prisão por abusos sexuais

Ao longo das últimas semanas, mais de 260 mulheres disseram ter sido alvo dos abusos do antigo médico da selecção olímpica dos EUA.

Foto
Nassar já tinha sido condenado por posse de pornografia infantil e outros crimes de abuso sexual a menores Reuters/REBECCA COOK

O antigo médico olímpico Larry Nassar foi condenado nesta segunda-feira a mais 40 a 125 anos de prisão num tribunal no estado norte-americano do Michigan, por ter abusado sexualmente de ginastas menores durante a sua carreira. Esta sentença junta-se aos 40 a 175 anos a que foi condenado no mês passado, no condado de Ingham, num caso separado mas que envolvia os mesmos crimes, e aos 60 anos que já está a cumprir por posse de pornografia infantil. Em suma, Nassar vai passar a sua vida atrás das grades pelos crimes que cometeu.

O médico, agora com 54 anos, utilizava o seu estatuto para abusar das atletas e outras estudantes, muitas delas menores, e dizia-lhes que eram tratamentos médicos. Mais de 260 mulheres vítimas de Nassar deram a cara e o seu testemunho em tribunal nas últimas semanas; alguns casos recuam à década de 1990. Nassar admitiu ser culpado.

Larry Nassar – médico da selecção olímpica norte-americana em quatro Jogos Olímpicos – foi durante anos considerado um homem de confiança das ginastas de elite dos Estados Unidos. Entre as testemunhas ouvidas em tribunal contam-se as campeãs olímpicas de ginástica artística Aly Raisman e McKayla Maroney. Também Simone Biles e Gabby Douglas revelaram nas redes sociais que foram vítimas do médico.

A procuradora-geral adjunta Angela Povilaitis disse durante a sessão judicial desta segunda-feira que as vítimas e os seus pais não se devem sentir culpados pelo que aconteceu e que essa culpabilização tem de acabar. Disse ainda, segundo a AP, que as próprias autoridades acreditaram no médico durante anos e que, “de cada vez que se livrava das acusações, [Nassar] ganhava poder para continuar os seus abusos”.  

Nesta última semana, Nassar ouviu os testemunhos de mais dezenas de vítimas e quase foi agredido pelo pai de três raparigas que dizem ter sido abusadas pelo médico. Depois de ter ouvido o testemunho de duas filhas, Randall Margraves precipitou-se em direcção a Nassar, mas foi detido pelos agentes policiais presentes no julgamento, em Charlotte (Michigan), antes de conseguir chegar perto do réu. A juíza do processo disse que não iria punir o pai das atletas por essa tentativa de agressão. 

Na sequência das acusações do médico olímpico, a administração da Federação de Ginástica dos Estados Unidos demitiu-se, assim como a reitora Lou Anna Simon da Universidade Estadual do Michigan, onde Nassar tinha gabinete. O silêncio da federação de ginástica(e também do Comité Olímpico norte-americano), assim como o da Universidade do Michigan já tinha sido criticado – não só por encobrir os crimes mas sobretudo por não terem dado apoio às vítimas que denunciavam os abusos do médico. 

Sugerir correcção
Comentar