“Os Verdes” exigem respostas do Governo sobre “verdadeiro esgoto” no rio Tejo

Um manto de espuma branca cobre o rio Tejo na zona de Abrantes desde quarta-feira.

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LUSA/PAULO CUNHA

O grupo parlamentar de “Os Verdes” exigiu nesta sexta-feira conhecer as medidas accionadas para resolver a poluição no rio Tejo, que se transformou num “verdadeiro esgoto”, apresentando à Assembleia da República várias questões dirigidas ao Governo, através do Ministério do Ambiente.

“Não faltam relatórios sobre o rio Tejo, existe uma Comissão de Acompanhamento da Poluição no Tejo, o Ministério do Ambiente tem garantido ao Parlamento que as acções inspectivas têm sido amplamente reforçadas, mas os fenómenos de poluição grave continuam a ocorrer com frequência”, apontou a deputada de “Os Verdes” Heloísa Apolónia, no documento entregue na Assembleia da República.

Na perspectiva de “Os Verdes”, a poluição no rio Tejo assume “uma proporção muito preocupante” devido à escassez de recursos humanos de fiscalização e inspecção, ao adiamento de investimentos necessários, designadamente em estações de tratamento de águas residuais (ETAR) que não estão a funcionar bem ou que não têm sistema completo de tratamento, à impunidade de infractores, bem como à redução de caudal do rio.

Na quarta-feira, um manto de espuma branca, com cerca de meio metro, cobriu o rio Tejo na zona de Abrantes. O foco de poluição levou à realização de acções de inspecção extraordinárias em Abrantes e Mação, estando ainda por identificar a origem do problema.

Neste âmbito, o ministro do Ambiente afirmou nesta sexta-feira que se está a “atacar desde já” o “problema agudo” de poluição no rio Tejo, em Abrantes, adiantando que estão a ser feitas análises à espuma, enquanto se trabalha em soluções.

“Neste momento, confrontamo-nos com duas coisas: um problema agudo de poluição, que tem por detrás um acumular de condições de consolidação de matéria orgânica que, em anos de muito pouca chuva, não tiveram forma de se poder diluir. E vamos atacá-lo desde já”, afirmou João Matos Fernandes.

Para “Os Verdes”, estes fenómenos de poluição visível no Tejo têm sido frequentes e “tornam este rio num verdadeiro esgoto, afectando as populações ribeirinhas, as actividades piscícolas e agrícolas, as iniciativas de lazer e de desporto, e também, evidentemente, o ecossistema deste rio central”.

Assim, o grupo parlamentar exige que o Governo, através do Ministério do Ambiente, esclareça a situação, nomeadamente como é que teve conhecimento deste fenómeno de poluição, que resultou num manto de espuma compacta no rio Tejo, na zona de Abrantes.

“Quando é que o Ministério do Ambiente teve conhecimento desse episódio concreto de visível poluição? Que medidas accionou o Ministério do Ambiente assim que teve esse conhecimento?”, questionou a deputada Heloísa Apolónia, solicitando o envio do resultado das análises efectuadas a partir das amostras recolhidas.

Entre as oito questões endereçadas ao Governo, “Os Verdes” querem ainda saber qual a origem/causa deste foco de poluição, quais as ETAR que lançam descargas para o rio Tejo e não se encontram a funcionar devidamente, quais são os principais factores de risco de descargas poluentes no Tejo, assim como “quantos autos de notícia foram levantados, a partir de acções de fiscalização e inspecção ao longo do rio Tejo, desde o último trimestre de 2017 até à data e qual o ponto da situação em que se encontram”.

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