Gripe com actividade estável, mortalidade continua acima do esperado

De acordo com a directora-geral da Saúde na última semana morreram mais 300 pessoas acima do esperado para a época. Relatório do Instituto Nacional Ricardo Jorge refere que actividade gripal é de baixa intensidade com tendência estável.

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Marco Duarte

Entre os dias 15 e 21 de Janeiro a mortalidade registada no país continuou a estar acima do esperado para a época. Segundo o último relatório do Instituto Nacional Ricardo Jorge (Insa), a actividade gripal é de baixa intensidade com tendência estável. Até ao momento 65 pessoas estiveram internadas em unidades de cuidados intensivos. Dos casos em que foi possível apurar, a maioria não tinha vacina.

À semelhança do que aconteceu na segunda semana de Janeiro, também entre os dias 15 e 21 deste mês, a mortalidade registada sofreu uma pequena descida. Mas ainda assim, continua acima da linha de base da curva da mortalidade (construída a partir de estimativas das mortes esperadas para essa época do ano, tendo em conta a média de anos anteriores).

Segundo a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, terão morrido “300 pessoas na última” semana acima do esperado para a época, refere a TVI. Uma tendência decrescente, disse a responsável em conferência de imprensa, em comparação com a semana anterior e de acordo com a actividade gripal que também é baixa. O balanço das últimas quatro semanas cifra-se em “cerca de 1300 óbitos”.

"Até à data registaram-se oito óbitos, sete por um vírus tipo B e um por vírus A. A gripe A só teve gravidade em 2009/2010 quando era uma gripe pandémica. Desde então tornou-se uma gripe sazonal e não carece de medidas excepcionais", explicou Graça Freitas, citada pela Antena 1.

"Temos uma epidemia ligeira"

Tudo parece indicar que o pico da gripe já tenha sido atingido. A taxa de incidência de síndroma gripal foi de 58,4 por 100.000 habitantes, o que indica – refere o relatório do Insa publicado esta quinta-feira – “uma actividade epidémica de baixa intensidade e tendência estável”. Ainda que a taxa de incidência seja superior à registada na semana anterior.

“Neste momento, temos uma epidemia ligeira e com tendência para a estabilidade, apesar de uma pequenina inflexão na curva da descida”, explicou Graça Freitas, referindo que existem algumas assimetrias no país. A actividade gripal no Norte e no Algarve está a descer, na região de Lisboa e no Alentejo está estável e no Centro apresenta uma ligeira tendência crescente.

O vírus da gripe predominante continua a ser o B (79% dos casos), associado a épocas gripais mais moderadas. Uma parte do vírus caracterizado pertence a uma linhagem que não está contemplada na vacina para esta época gripal. A directora-geral da Saúde já tinha explicado, numa conferência anterior, que por este ser um vírus menos agressivo a situação não é preocupante. Estão também em circulação os vírus A(H3) e A(H1).

Na terceira semana de Janeiro, as unidades de cuidados intensivos reportaram 13 casos de gripe – número semelhante ao da semana anterior –, dos quais seis tinham 65 ou mais anos e 11 doença crónica subjacente. Foi identificado o vírus B em 10 (77%) doentes e o A em 3 (23%).

Desde o início da época gripal as unidades de cuidados intensivos reportaram 65 casos de gripe. Em relação aos 59 doentes sobre os quais foi possível obter informação adicional, 61% tinham mais de 65 anos e 83% sofriam de doença crónica. Dos 30 casos com informação sobre o estado vacinal, apenas cinco estavam vacinados. Até ao momento a reserva estratégica nacional de zanamivir – usado para os casos mais graves – foi activada para um doente.

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