Bouchra Ouizguen, Christiane Jatahy, Vera Mantero e João Fiadeiro: todos ao Alkantara

A 15.ª edição decorrerá em Lisboa, entre 23 de Maio e 9 de Junho.

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Corbeaux, de Bouchra Ouizguen, peça protagonizada por dez mulheres marroquinas

Em ano da bienal Artista na Cidade e com um constante burburinho de bastidores a apontar na direcção da brasileira Christiane Jatahy para ocupar esse lugar, a confirmação da sua presença no Alkantara Festival reforça essa convicção (carece, estranhamente, um anúncio oficial quando o ano já quase esgotou o seu primeiro mês). Jatahy e a coreógrafa marroquina Bouchra Ouizguen são os dois nomes da programação internacional do Alkantara que o Ípsilon pode avançar desde já, aos quais se juntam três novas criações de coreógrafos presentes na primeira edição do festival, em 1993, quando se chamava ainda Danças na Cidade: Vera Mantero, João Fiadeiro e Aldara Bizarro. Também Bruno Beltrão repete a presença na edição de 2010. A 15.ª edição do Alkantara decorrerá em Lisboa, entre 23 de Maio e 9 de Junho, no mesmo ano em que a associação homónima celebra 25 anos de actividade.

Jatahy, já o havíamos noticiado, apresentará no Alkantara (com co-produção do Teatro São Luiz) a estreia nacional do primeiro capítulo da sua trilogia que dedicada à Odisseia. Em Ítaca, conforme se escrevia na última edição do Ípsilon, em que a brasileira era apontada como uma das grandes figuras de 2018, os espectadores “poderão oscilar entre o ponto de vista de Ulisses, daquele que parte, e o ponto de vista de Penélope, daquela que fica”. Duas perspectivas de uma mesma história que negam uma versão definitiva e reequacionam a atribuição a Ulisses do posto de protagonista.

No caso de Bouchra Ouizguen, o seu regresso a Portugal – depois de em 2016 ter levado Ha! ao aniversário do Teatro Rivoli – faz-se com Corbeaux, coreografia estreada na Bienal de Artes de Marraquexe, em 2014, uma peça protagonizada por dez mulheres marroquinas, a que se juntam outras intérpretes locais, silhuetas negras femininas de lenços brancos à cabeça, que se movem em formas geométricas e se entregam a um transe gritado e com os pescoços sacudidos como se expulsassem algo do corpo. Algo em que Ouizguen se inspirou depois ter assistido a cerimónias rituais em Marrocos e no Senegal.

Quanto aos coreógrafos portugueses que o Alkantara acompanha desde a primeira edição, Vera Mantero propõe uma nova criação que tem como ponto de partida uma pesquisa realizada a partir do arquivo do artista multidisciplinar Ernesto de Sousa, João Fiadeiro construirá um dispositivo próximo da linguagem cinematográfica, embora se concentre em trabalhar a ideia do “fora de campo”, procurando habitar tudo o que está fora do enquadramento, enquanto Aldara Bizarro incidirá sobre um cruzamento de questões artísticas, sociais e pedagógicas dirigido ao público juvenil. Bruno Beltrão avançará com um espectáculo assente nos fluxos migratórios – nas suas dimensões de perseguição, fuga, travessias, procissões e fechamento de fronteiras.

Toda a programação, que inclui ainda espectáculos de música, encontros e debates, ocupará o Espaço Alkantara, os teatros municipais São Luiz e Maria Matos, o Teatro Nacional Dona Maria II, a Culturgest e o Castelo de São Jorge.

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