Advogado de Manuel Vicente diz que é inevitável separação dos processos

Advogado Rui Patrício disse que o ex-vice-presidente de Angola não comparece "porque não pode".

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Rui Patrício, advogado de Manuel Vicente Rui Gaudêncio

O advogado do ex-vice-presidente de Angola no caso da Operação Fizz, que hoje começa a ser julgado, disse à chegada ao tribunal que lhe parece inevitável a separação dos processos.

Questionado pelos jornalistas à entrada do tribunal, em Lisboa, Rui Patrício afirmou: "O que nos parece inevitável é a separação dos processos".

Rui Patrício, que estava presente enquanto mandatário de Armindo Pires, outro dos arguidos neste caso, disse igualmente que é preciso aguardar a decisão do tribunal "com calma e serenidade".

"Vamos ver o que o tribunal vai decidir", acrescentou.

Rui Patrício escusou-se a revelar se ia levantar alguma questão prévia no início do julgamento, remetendo para audiência, e lembrou os recursos pendentes relativos ao ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, que o Tribunal da Relação de Lisboa terá de decidir "a seu tempo".

"Processualmente há muitas coisas possíveis", disse, embora considere inevitável a separação dos processos.

Questionado sobre o que pensava de toda a pressão política em redor deste processo, Rui Patrício afirmou: "Não faço comentários sobre isso, tenho a minha opinião pessoal, mas não faço qualquer comentário".

Questionado pelos jornalistas sobre o porquê da ausência de Manuel Vicente, Rui Patrício disse que o ex-vice-presidente de Angola não comparece "porque não pode".

"Não comparece porque não pode. A questão da imunidade não está na disponibilidade e vontade de Manuel Vicente, é um assunto de Estado", afirmou.

Rui Patrício insistiu que, neste processo, Manuel Vicente não foi notificado da acusação e nem sequer chegou a ser constituído arguido.

Também à chegada ao tribunal, o advogado Paulo Blanco, outro dos arguidos, remeteu todas as declarações para a audiência.

O julgamento da Operação Fizz tem como arguidos o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, o ex-procurador Orlando Figueira, o advogado Paulo Blanco e o empresário Armindo Pires.

Manuel Vicente, que à data dos factos era presidente da Sonangol é acusado de ter corrompido Orlando Figueira para que o então procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) arquivasse dois inquéritos, um deles o caso Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.

O ex-vice-presidente de Angola está acusado por corrupção activa em co-autoria com os arguidos Paulo Blanco e Armindo Pires, branqueamento de capitais em co-autoria com Paulo Blanco, Armindo Pires e Orlando Figueira e falsificação de documento com os mesmos arguidos.

O ex-procurador do DCIAP está pronunciado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documentos, o advogado Paulo Blanco por corrupção activa em co-autoria, branqueamento também em co-autoria, violação de segredo de justiça e falsificação documento em co-autoria.

O empresário Armindo Pires, que o MP diz ser o "testa de ferro" de negócios de Manuel Vicente, vai responder em julgamento por corrupção activa em co-autoria com Paulo Blanco e Manuel Vicente, branqueamento de capitais em co-autoria com Manuel Vicente, Paulo Blanco e Orlando Figueira e falsificação de documento com co-autoria com os mesmos.

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