Primeira-ministra anuncia que vai ser mãe pela primeira vez

Chefe do Governo neozelandês irá usufruir de seis semanas de licença de maternidade e será o vice-primeiro-ministro a substituí-la temporariamente.

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A primeira-ministra irá estar afastada do cargo durante seis semanas Reuters/David Gray

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou que vai ser mãe em Junho deste ano, depois de uma controvérsia local em torno dos seus planos de maternidade enquanto líder do Governo. A notícia foi dada nesta sexta-feira através de um comunicado no Facebook na página da governante e seguiu-se de declarações aos jornalistas.

Ainda antes de ser eleita chefe do Governo neozelandês, em Setembro de 2017, Ardern teve de responder a comentários sexistas em torno da sua candidatura e por duas vezes foi questionada sobre planos de maternidade.

No anúncio que fez na sua página de Facebook, Jacinda Ardern conta que vai ser “primeira-ministra E mãe” e que será o seu namorado, Clarke Gayford, apresentador televisivo de um programa de pesca, quem ficará em casa com o bebé. “Sei que existirão muitas perguntas e nós iremos responder a todas elas (e posso assegurar-vos que temos um plano pronto)”, acrescentou na mensagem.

Em declarações aos jornalistas, Ardern acrescentou que leva "muito a sério o papel de mãe", mas que leva igualmente a sério o cargo que assumiu enquanto primeira-ministra do país. "Isso significa que irei usufruir de seis semanas de licença de maternidade em Junho". Será o vice-primeiro-ministro a assumir as funções temporariamente.

"Não sou a primeira mulher a trabalhar e a ter um bebé. Sei que estas são circunstâncias especiais, mas irão existir muitas mais mulheres a fazê-lo e muitas já o fizeram antes de mim", rematou.

Ardern, de 37 anos, é a mais jovem política de sempre à frente da Nova Zelândia, depois de ser, também, a mais nova líder do Partido Trabalhista e a segunda mulher a chegar à liderança do mesmo partido. Mas a dimensão política do acontecimento foi ultrapassada pela discussão sobre a capacidade de a deputada conciliar, ou não, uma possível gravidez com as funções.

As duas perguntas foram colocadas de seguida, a primeira sete horas depois de ter sido eleita líder do Partido Trabalhista. Na altura, Ardern disponibilizou-se a responder, e afirmou que "não era diferente de uma mulher que trabalha em três empregos ou que está a assumir várias responsabilidades”. Disponibilizou-se a responder por considerar um dilema “que muitas mulheres enfrentam”.

Numa segunda entrevista, na rádio, a deputada foi confrontada com a mesma pergunta enquanto ainda decorria a campanha, em Agosto. O locutor, Mark Richardson, disse que os neozelandeses tinham "o direito de saber" se existia a possibilidade de a potencial futura primeira-ministra tirar uma licença de maternidade. "Se for o patrão de uma empresa, precisa de saber esse tipo de coisas acerca da mulher que estou a empregar. É aceitável que um primeiro-ministro tire licença de maternidade quando está em funções?", questionou o locutor. Aqui, a pergunta não foi tão bem recebida e Ardern repetiu ser “inaceitável" que essa questão fosse levantada em 2017.

"É uma decisão das mulheres e não deve pre-determinar se recebem ou não oportunidades de trabalho", disse, lembrando o direito à privacidade nesta decisão em relação ao empregador, um direito protegido na Declaração dos Direitos Humanos, que condena a discriminação do empregador em relação à gravidez ou planos de constituir família no futuro. 

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