Telefonemas não atendidos nos centros de saúde serão encaminhados para o SNS 24

Secretário de Estado Adjunto e da Saúde reforça convicção de atribuir um médico de família a todos os portugueses até ao final da legislatura.

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Enric Vives-Rubio

Os telefonemas dos utentes para os centros de saúde que não sejam atendidos vão passar a ser encaminhados para uma central que regista o motivo da ligação e dá seguimento ao assunto. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde reconheceu em entrevista à Lusa que por vezes é muito difícil os utentes contactarem por telefone o seu centro de saúde.

"É uma necessidade básica e não está cumprida (...) Não é adequado alguém ligar e ninguém atender", disse Fernando Araújo. O governante considera que a contratação de mais recursos humanos para os centros de saúde para esta situação específica pode não ser o mais adequado e adianta que o centro de contacto SNS 24 está a estudar uma forma de passar a receber estas chamadas não atendidas nas unidades de saúde. "Está neste momento a ser estudada a forma de desenvolver [esta medida] e espero que ocorra muito em breve, ainda em 2018", afirmou.

Segundo explicou Fernando Araújo, quando um utente ligar para o seu centro de saúde e não for atendido, a chamada será reencaminhada ao fim de algum tempo para uma operadora, que ficará com os dados e questões colocadas, no sentido de se voltar a contactar o doente se necessário.

Questionado pela Lusa, o governante admitiu ter relatos das dificuldades que muitos utentes têm em ser atendidos por telefone nos centros de saúde e diz que o Ministério da Saúde não esconde a situação.

Falta de médicos de família tira o sono a secretário de Estado

Fernando Araújo aponta também a atribuição de médico de família a todos os portugueses como uma das suas preocupações.  "Temos menos meio milhão de utentes sem médico de família desde o início da legislatura (...). Mas eu não durmo descansado enquanto temos 700 mil utentes sem resposta estruturada. E preocupa-me que não haja equidade", afirmou.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse que está para ser iniciado o concurso para os cerca de 100 médicos de família que acabaram a especialidade no final do ano passado, o que permitirá atribuir um médico a mais 170 mil utentes. Fernando Araújo mantém a expectativa de conseguir atribuir médico de família a todos os portugueses até ao final da legislatura.

O secretário de Estado reconhece ainda que os médicos de família deviam ter "tempo suficiente" para atender os utentes, o que seria possível se fosse reduzida a lista de utentes por médico, como têm reivindicado os sindicatos. O Ministério da Saúde tentará "ir reduzindo as carteiras de utentes" por médico, reconhecendo que "são muito excessivas", mas não se compromete com o objectivo pretendido pelos sindicatos de passar de 1900 para 1500 utentes por médico.

A redução da carga horária feita pelos médicos nas urgências também está em cima da mesa, mas que é necessário fazê-lo sem desfalcar os serviços e sem aumentar o recurso a contratação por empresas. Os sindicatos médicos pretendem reduzir a carga horária da urgência de 18 para 12 horas semanais.

Sobre uma nova ameaça de greve por parte dos médicos, Fernando Araújo mostrou-se confiante que serão retomadas em breve as negociações e que serão encontradas soluções adequadas com os sindicatos. "Vamos reiniciar o diálogo e vamos encontrar seguramente boas soluções", afirmou.

Ao nível dos cuidados de saúde primários, o secretário de Estado anunciou que vão ser contratados já este ano 40 nutricionistas e 40 psicólogos para os centros de saúde, no que diz ser "a maior entrada de nutricionistas e psicólogos desde sempre no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

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