Carros eléctricos e híbridos valem quase 2% das vendas totais

No ano passado foram vendidos mais de quatro mil destes veículos ligeiros de passageiros, com destaque para a Renault e para a BMW.

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Miguel Manso

O ritmo de crescimento das vendas dos carros eléctricos e dos híbridos (com ligação à corrente) continuam a subir a bom ritmo, tendo chegado às 4056 unidades no ano passado. Este número, de acordo com os dados da associação do sector automóvel, a ACAP, representa uma subida de 125% face ao ano anterior, justificada pelo pequeno universo em causa e pelo potencial de crescimento.

Ao todo, estes dois segmentos de ligeiros de passageiros ligados à energia eléctrica tiveram um peso de 1,83% nas vendas totais de veículos ligeiros de passageiros em 2017 (que subiram 7% para 222.134 unidades), quando no ano anterior o peso tinha sido apenas de 0,9%.  

Os Plug-in Hybrid Electric (PHEV), ou seja, veículos híbridos com ligação à corrente para recarregamento da bateria - além de poderem recorrer ao motor de combustão interna -, têm sido mais vendidos do que os eléctricos nos últimos dois anos, invertendo uma tendência que se verificava desde o início da década.

No ano passado foram vendidos 2416 veículos PHEV no mercado nacional (uma subida de 131% face a 2016), contra 1640 carros eléctricos (+117%). No primeiro caso, os modelos mais vendidos foram os BMW de série 3 e 5 (com 352 e 327 unidades, respectivamente), seguindo-se o Outlander da Mitsubishi (com 240 unidades). No caso dos veículos eléctricos, a Renault ultrapassou a Nissan, com o modelo Zoe, que vendeu 751 unidades, contra as 318 do Leaf (em terceiro ficou o série i3 da BMW).

Os dados da ACAP não incluem os veículos da norte-americana Tesla, ícone das novas empresas que estão a chegar ao sector automóvel com carros eléctricos e que desde Setembro tem um stand de vendas em Lisboa, no El Corte Inglês. A empresa, no entanto, não divulga os dados de vendas do Model X e do Model S. Estava previsto que a iniciativa comercial da Tesla acabasse no início deste ano, mas foi prolongada até Dezembro.

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Incentivos e reforços nos carregamentos ajudaram

Para o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro, o crescimento dos carros eléctricos “deve-se, fundamentalmente à maior oferta de veículos por parte das marcas mas, também, ao crescente interesse dos consumidores”.

Algo que certamente pesou nas decisões de compra de alguns consumidores foram os incentivos de 2250 euros à compra de carro eléctrico introduzidos pelo Governo no início do ano (e limitados a um número máximo de mil veículos apoiados, num total de 2,25 milhões financiados pelo Fundo Ambiental).

Estes incentivos directos à aquisição mudaram o figurino face ao que existia anteriormente porque deixaram de exigir como contrapartida a entrega de um veículo para abate e passaram a ser atribuídos depois de o consumidor apresentar a factura de compra à entidade gestora do Fundo Ambiental. Este ano, a medida repete-se, quer no valor do cheque, quer no número de veículos abrangidos.

Ao maior interesse dos consumidores, “junta-se ainda o facto de se ter ampliado a rede de abastecimento quer por parte das entidades públicas, quer por parte dos privados”, notou o Hélder Pedro.

No caso dos privados, têm sido várias as empresas a apostar em equipamentos de carregamento de veículos eléctricos para servir os seus clientes. É o caso, entre outras, da IKEA, do Lidl ou do El Corte Inglès. Além disso, também é possível encontrar postos de carga rápida em várias áreas de serviço da Galp, da Repsol (em parceria com a EDP) ou da Prio, por exemplo.

Quanto à rede pública gerida pela Mobi.e, no final do ano passado estavam instalados cerca de trinta pontos de carregamento rápido (permitem carregar cerca de 80% da bateria em meia-hora), de um total de 50 anunciados. Nos planos do Executivo como medidas a concretizar entre 2017 e 2018 estava ainda a instalação de 280 novas localizações com postos de carregamento semi-rápidos (carregamentos em cerca de duas horas) e o upgrade de 100 postos de carregamento normais (cerca de seis horas) da rede actual para postos semi-rápidos.

A rede pública contempla cerca de 1250 pontos de carregamento, mas muitos dos equipamentos encontram-se avariados ou vandalizados. Quando chegar ao fim o projecto de modernização e expansão da rede pública a todo o país, o Governo irá avançar para a concessão a privados da exploração da rede.

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