Catherine Deneuve pede desculpa, “mas apenas às vítimas”

A actriz francesa escreveu um segundo texto, onde reitera as opiniões expostas na primeira carta aberta, acrescentando um pedido de desculpa.

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Actriz continua a defender que os homens têm o direito de importunar as mulheres LUSA/GUILLAUME HORCAJUELO

A actriz francesa Catherine Deneuve voltou a escrever sobre o clima de discussão de assédio e abuso sexual, para reiterar a opinião da carta que co-assinou na última semana em que defendia “o direito de importunar dos homens”, mas acrescentando um pedido de desculpa às vítimas de agressões sexuais que se possam ter ofendido com as declarações. “Saúdo fraternamente todas as vítimas destes actos hediondos que se possam ter sentido ofendidas pela carta publicada no Le Monde. É a elas e apenas a elas que eu endereço o meu pedido de desculpas”, escreveu Catherine Deneuve numa nova carta publicada este domingo, desta vez no jornal francês Libération.

No texto, a actriz francesa reafirma as razões de ter co-assinado na semana passada uma carta aberta na qual se lê que os homens estão a ser injustamente alvo de acusações de má conduta sexual e devem ser livres para importunar as mulheres.

“Nada no texto afirma que o assédio é bom, caso contrário, eu não teria assinado”, defende Deneuve. “Sim, eu amo a liberdade. Não gosto desta característica do nosso tempo em que qualquer um se sente no direito de julgar, de arbitrar, de condenar. Um tempo em que uma simples denúncia nas redes sociais gera punição, demissão e por vezes leva ao linchamento mediático”, justifica. Não obstante, ressalva que o seu texto não é dirigido “aos conservadores, racistas e tradicionalistas, de todos os tipos e que estrategicamente me vieram apoiar”. “Gostaria de lhes dizer que não me enganam. Eles não terão nem a minha gratidão nem a minha amizade, pelo contrário. Sou uma mulher livre e continuarei assim”, acrescenta.

“Poderia dizer que me chegaram histórias de situações mais do que indelicadas e que sei de outras actrizes que sofreram nas mãos de realizadores que abusaram dos seus poderes. Simplesmente, não serei eu a falar em nome delas.”

“Vão queimar Sade? Classificar Leonardo da Vinci como um artista pedófilo? Tirar os Gauguin dos museus? Destruir os desenhos de Egon Schiele? Proibir os discos de Phil Spector? Este clima de censura deixa-me sem voz e preocupada com o futuro da nossa sociedade”, lê-se no texto publicado no Libération.

“A violação é um crime. Mas o flirt insistente ou inconveniente não é um delito, nem o galanteio é uma agressão machista”, lia-se na primeira carta assinada pela actriz, com o título Defendemos a Liberdade de Importunar, Indispensável à Liberdade Sexual.

“As mulheres estão suficientemente conscientes de que o desejo sexual é por natureza selvagem e agressivo”, considerava o grupo de 100 mulheres, que pedia para que não se confundisse “uma tentativa confrangedora de engatar alguém com um ataque sexual”. “Como mulheres, não nos revemos neste feminismo que, para além de denunciar o abuso de poder, se transforma num ódio aos homens e à sexualidade“, escreveram.

A primeira carta de Deneuve recebeu várias críticas, entre as quais está a resposta de um grupo de activistas. 

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