Rio acusa Santana de querer "atirar PS para os braços da geringonça"

Na entrevista à SIC, esta segunda-feira à noite, o ex-autarca do Porto disse que não está "desesperado" e que tem indicações de que vai à frente na corrida. Defendeu superavit em ciclos económicos favoráveis.

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Rui Rio foi entrevistado pela SIC esta segunda-feira PAULO NOVAIS/Lusa

Rui Rio acusa Santana Lopes de abrir as portas a uma nova geringonça ao rejeitar quaisquer entendimentos com o PS após as legislativas. Em entrevista esta segunda-feira à noite na SIC, o ex-autarca do Porto defendeu que um bloco central “só em circunstâncias excepcionais”.

A conversa começou com risos quando a jornalista Clara de Sousa perguntou ao candidato à liderança do PSD se estava “desesperado” depois do debate televisivo da passada semana. Rio rejeitou essa ideia e disse ter indicações de que “vai à frente” na corrida eleitoral interna.

Mas a questão dos entendimentos com o PS após as eleições legislativas voltou a estar em cima da mesa. Rui Rio assumiu, tal como o fez na entrevista ao PÚBLICO desta segunda-feira, que está disponível para dar apoio parlamentar a um governo PS, após as legislativas. “O meu adversário faria o mesmo a António Costa que fez a Passos Coelho”, afirmou, numa referência a Santana Lopes.

Reconhecendo que não é o que os militantes do PSD gostariam de ouvir, o ex-autarca criticou Santana Lopes por ter uma posição contrária ao arrepio do que o partido sempre “disse e fez” até no tempo em que Marcelo Rebelo de Sousa era presidente e viabilizou o governo de António Guterres, mas também no de Passos Coelho quando deixou passar o executivo de Sócrates em 2009.

“O que fico a saber que se o meu adversário ganhar as eleições a probabilidade de voltarmos de ter a geringoinçla é brutal”, disse, aproveitando para sublinhar que o “bloco central só aconteceu uma vez na vida” e que “só deve acontecer em circunstâncias excepcionais”. Recusando qualquer apoio parlamentar ao próximo Orçamento do Estado, caso venha a ser eleito, Rio rematou: a posição do ex-provedor da Santa Casa “atira o PS para os braços da geringonça”.

Ainda no rescaldo do debate de quinta-feira, Rui Rio admitiu fazer alguma “afinação” para o próximo frente-a-frente, mas reiterou a sua posição defensiva até por se lembrar de entrevistas em que Santana Lopes, no tempo em que Passos Coelho estava à frente do partido, o defendia como o melhor líder para o PSD.

Relativamente à economia, o ex-autarca do Porto reafirmou ter o crescimento económico como prioridade e defendeu que as contas públicas devem “ter um ligeiro superavit” quando o ciclo é favorável para permitir ter “défice” quando está a cair. Uma posição que assumiu ser para “manchete de jornal”, mas que mesmo assim a disse. Mais hesitante foi o final da entrevista quando lhe foi perguntada sobre a última vez que foi ao teatro. “Não me lembro”, disse. Só momentos mais tarde se recordou da última vez que foi ao cinema: Foi no dia seguinte a deixar de ser presidente da câmara. E qual o filme que foi ver? Não chegou a dizer. 

A entrevista ao PÚBLICO marcou a entrevista, mas já havia marcado o dia de campanha interna, com Pedro Santana Lopes a acusar Rui Rio "de encontrar sempre argumentos para justificar alguma proximidade ao PS”. Para o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia, o facto de o seu adversário admitir apoiar um eventual futuro governo minoritário socialista “equivaleria ao PPD/PSD ocupar o lugar que agora é ocupado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda” e é quase “uma confissão antecipada de falta de confiança nas possibilidades próprias”.

Santana Lopes defendeu que o PSD tem de ser alternativa e “não fazer blocos centrais, nem assumidos, nem disfarçados, preparar essa solução, essa alternativa, coerente, determinada e reformista que substitua o PS”. Para o candidato, o PSD "nasceu para ser primeiro partido, não nasceu para ser muleta de ninguém”. Com Lusa

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