BE quer política eficaz de apoio aos sem-abrigo no Porto

Deputados municipais do Bloco de Esquerda visitaram centro de acolhimento de emergência para sem-abrigo, no antigo Hospital Joaquim Urbano

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O centro acolhe, actualmente, 15 utentes, mas número deve crescer Manuel Roberto

O frio que se tem sentido nos últimos dias levou deputados municipais do Bloco de Esquerda ao centro de acolhimento de emergência para sem-abrigo, que está a funcionar nas instalações do antigo Hospital Joaquim Urbano, no Porto. À saída, Susana Constante Pereira fez um balanço que não é simpático para o executivo de Rui Moreira. Ainda que considere que a experiência-piloto que ali decorre é “meritória”, diz que não chega e que é preciso muito mais.

“Aqui existe o que necessitam, mas apenas o que necessitam estas 15 pessoas que beneficiam desta experiência-piloto. E as outras?”, questionou a deputada municipal, no final da visita às instalações inauguradas a 1 de Setembro do ano passado. No final de Novembro, também numa visita ao local, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o vereador da Habitação, Fernando Paulo, já manifestavam a vontade que o número de camas fosse alargado para as 35, mas tal ainda não aconteceu, apesar de, disse Constante Pereira esta segunda-feira, estar já a ser preparada uma ala para receber mais camas.

O espaço está sinalizado como um dos locais de acolhimento de emergência em caso de vaga de frio – o outro é uma estação de metro, como já é habitual – mas os deputados municipais do BE querem que o número de camas aumente não apenas perante uma situação de emergência, mas de forma efectiva. E gostariam de ver um centro similar nascer noutras zonas da cidade, lembrando que locais como a envolvente do Mercado do Bom Sucesso, a zona comercial da Rua de Júlio Dinis ou alguns locais de Lordelo do Ouro costumam ser ocupadas por vários sem-abrigo.

Para tal, nem era preciso muito, defendem. “Só 3% do orçamento da câmara é para a acção social, dentro da qual está a resposta aos sem-abrigo. Se esta fatia fosse aumentada, permitiria uma resposta diferente. Aliás, se a câmara não se limitasse a congratular-se com as boas contas e com uma poupança de 66 milhões de euros e reinvestisse esse valor em respostas sociais, mais poderia ser feito”, diz Susana Constante Pereira.

A deputada municipal defende que “uma política autárquica de efectivo combate à pobreza e de efectiva protecção aos sem-abrigo é diferente de um plano municipal”. E para Constante Pereira essa política não existe – uma conclusão a que chega por “ao fim de quatro anos de gestão de Rui Moreira ainda existirem sem-abrigo na cidade”; pelo que diz ser “uma ausência” da câmara no controlo do crescimento do alojamento local – retirando aos sem-abrigo soluções temporários que, até ao recente desenvolvimento da actividade turística, conseguiam encontrar em pensões da cidade –; e por atitudes como a da loja da Praça da República que instalou vários vasos com flores no passeio, para impedir que alguém ali pernoitasse. “Como é que a câmara não tem uma intervenção em relação a isto?”, questionou Susana Constante Pereira, que também não gostou da iniciativa do presidente da União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, S. Nicolau e Vitória, António Fonseca, de questionar os sem-abrigo sobre o seu local de origem. “É quase uma medida de higienização”, acusou.

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