Algarve quer mais 96 enfermeiros e abrir camas no centro de reabilitação

Ordem dos Enfermeiros pede aos profissionais que sigam o exemplo dos colegas do Algarve e denunciem situações de "caos" em urgências.

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MARIA JOAO GALA

O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) intensificou o plano de contingência para a gripe e o frio, que já tinha sido accionado, com um plano de abertura provisória de mais entre 20 a 27 camas no Centro de Medicina e Reabilitação Física de São Brás de Alportel. 

Nos serviços de urgência do centro hospitalar (Faro e Portimão), depois de dias mais complicados, "a situação está razoavelmente controlada", garantiu ao PÚBLICO a presidente do CHUA, Ana Paula Gonçalves, adiantando que “foi pedida autorização à tutela para contratar mais 42 novos enfermeiros”, além da substituição dos 54 profissionais que saíram nos últimos anos. Por outro lado, adiantou, está previsto um reforço no sector dos assistentes operacionais, com a contratação de 27 colaboradores. 

A falta de enfermeiros e de assistentes operacionais estará na base de algumas falhas e demoras nos serviços de urgência do CHUA. Mas, nesta segunda-feira de manhã, na urgência do Hospital de Faro a situação não era muito diferente do habitual, tendo em conta a quase permanente sobrelotação do serviço. Havia 25 doentes acamados na urgência, quando, nos meses de Verão, a média ronda as três dezenas.

A Ordem dos Enfermeiros (OE) voltou entretanto à carga para sublinhar que a contratação de enfermeiros anunciada neste fim-de-semana pelo primeiro-ministro só terá efeitos em Março, “pelo que não fará frente ao pico gripal”. Em comunicado, a OE pede aos profissionais que sigam o exemplo dos colegas do Algarve “que denunciaram publicamente, com a divulgação de fotografias, o caos na Urgência do Hospital de Faro”.

Esta foi a resposta ao anúncio de António Costa, que adiantou no fim-de-semana a autorização dada pelo Ministério das Finanças para "um reforço da contratação de enfermeiros até ao final de Março", de forma a assegurar a "capacidade acrescida de resposta" neste período de frio e de gripe. Mas não especificou quantos profissionais adicionais serão contratados.

Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério da Saúde diz que "estes profissionais irão sendo contratados até ao final de Março conforme as necessidades dos diferentes serviços", enfatizando que António Costa "não avançou um número definitivo para a contratação de enfermeiros".

Quanto ao número de enfermeiros já contratados ao abrigo dos planos de contingência accionados neste período de temperaturas adversas e gripe, o gabinete do ministro afirma que a ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) "está a fazer esse  levantamento".

Reforçando o apelo aos enfermeiros para “que recusem as falsas horas extraordinárias como forma de evitar o risco de erros”, a Ordem recorda, em comunicado, que o estatuto profissional estipula que o enfermeiro “tem o dever de comunicar os factos de que tenha conhecimento e possa comprometer a dignidade da profissão ou a saúde dos indivíduos”.

Sobre a situação no Algarve, defende que o ministro da Saúde deve “explicar a quem interessa o envio de doentes para o privado em situações de pico de atendimentos” e também divulgar “quanto é que já gastou” com estas transferências.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve anunciou entretanto nesta segunda-feira que reforçou os recursos humanos e alargou o horário de atendimento dos serviços, quer as urgências do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), quer os centros de saúde, no âmbito do plano de contingência accionado. Das 40 camas disponibilizadas, “20 já estão a ser utilizadas para receber doentes em caso de necessidade”, especifica a ARS, em nota.

Os horários alargados estão disponíveis em http://www.arsalgarve.min-saude.pt/noticias/cuidados-de-saude-de-proximidade-do-algarve/

Notícia actualizada às 19h05

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