Centro Internacional de Artes José de Guimarães mais ambicioso em 2018, com o apoio inédito do Estado

Dotação de 300 mil euros reforça orçamento do equipamento construído para a Capital Europeia da Cultura de 2012, que apresentará este ano exposições de João Cutileiro e Julião Sarmento. Mas a Câmara de Guimarães quer mais apoio no futuro próximo.

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O CIAJG abriu em 2012, ano em que Guimarães foi Capital Europeia da Cultura Enric Vives-Rubio

Mais de cinco anos depois da sua inauguração, a 24 de Junho de 2012, com a Capital Europeia da Cultura (CEC) ainda em curso, o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) obteve o primeiro apoio financeiro saído do Orçamento de Estado (OE). A verba de 300 mil euros para 2018, acordada entre o Ministério da Cultura (MC) e a Câmara Municipal de Guimarães, é, para a vereadora da Cultura, Adelina Paula Pinto, um “sinal de reconhecimento” do Governo, que finalmente equipara a cidade às duas anteriores CEC portuguesas (Lisboa, em 1994, e Porto, em 2001).

Admitindo que se gerou alguma “confusão” quando o ministro Luís Filipe Castro Mendes disse, em Novembro, que o financiamento a atribuir seria repartido por três anos, a vereadora confirma que os 300 mil euros já estão na posse d’A Oficina – cooperativa responsável pela gestão dos espaços culturais do município – e vão “dar alguma força para que o CIAJG consiga projectar-se”, assegurando a melhoria da conservação do seu espólio, da comunicação e também da própria programação.

O director do CIAJG, Nuno Faria, salienta que, depois de cinco anos com cerca de 50 exposições e um orçamento anual de cerca de um milhão de euros, assegurado pela Câmara, a programação do novo ano é “mais ambiciosa” e incluirá as exposições Constelação Cutileiro, com obras do escultor e de outros artistas próximos, Segredos do Mundo Animal, de Julião Sarmento, e ainda uma exposição da norte-americana Ann Hamilton, no âmbito da quarta edição da Contextile – Bienal de Arte Têxtil Contemporânea de Guimarães.

O CIAJG, diz Faria ao PÚBLICO, vai apostar igualmente na comunicação, para atrair “público de fora da cidade”, quer do resto do país, quer do estrangeiro, e no reforço das equipas de conservação da colecção permanente, com cerca de 1500 peças – inclui as obras de José de Guimarães e as colecções de arte pré-colombiana, africana e chinesa cedidas pelo artista vimaranense. A investigação é o outro destino do apoio estatal. “Somos uma instituição que produz exposições, mas que sobretudo deve produzir conhecimento”, defende o director.

"Não são suficientes"

O apoio concedido é “um reconhecimento do trabalho que tem sido feito” e vai dar “alguma folga para a instituição poder trabalhar”, assinala ao PÚBLICO o gabinete do MC, sem esclarecer se o valor actual vai manter-se ou poderá aumentar nos próximos anos. “Temos um diálogo permanente com todas as Câmaras que querem dialogar connosco, e a de Guimarães não é excepção. É prematuro estar a fechar valores”, disse.

A vereadora da Câmara de Guimarães crê que “os 300 mil euros não são suficientes para aquilo de que o CIAJG necessita” e pretende continuar as negociações com o Ministério para obter um financiamento superior. Adelina Paula Pinto reconhece que Guimarães não pode receber uma verba como as que são atribuídas ao Centro Cultural de Belém, criado no âmbito da CEC de Lisboa – 16,8 milhões de euros do OE 2018 – e à Casa da Música, legado da CEC do Porto – 7,6 milhões do OE 2018 –, mas mostra-se convicta de que é possível obter um valor adequado à dimensão do CIAJG.

Também para o director do CIAJG o apoio garantido para 2018 é “escasso”, apesar de mostrar que o Governo reconhece a “importância simbólica e efectiva” da instituição. Com um “investimento maior”, frisa Nuno Faria, o centro cultural poderia começar a “trabalhar com artistas de renome internacional”.

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