Cave 45 fecha portas no final do ano

Encerramento estava anunciado desde Outubro. Um dos sócios do espaço diz que fecho vai "abrir uma lacuna na música rock na cidade". Banda portuense Cães Vadios junta-se 22 anos depois para fazer concerto de despedida.

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Programação do Cave 45 está ligada ao rock, punk e metal Paulo Pimenta

O bar e sala de concertos Cave 45, no Porto, vai fechar as portas depois da passagem de ano. O encerramento estava anunciado desde Outubro. Um dos sócios do espaço diz que fecho vai "abrir uma lacuna na música rock na cidade".

O encerramento gerou "muita especulação em relação às causas, algumas delas erradas", disse à Lusa Óscar Pinho. Principalmente, devido a uma petição online que procurava reverter a decisão – reúne actualmente cerca de 1500 assinaturas – e que apontava a reconversão do prédio numa unidade hoteleira como a razão do fecho.

"O fecho não se deve directamente à questão imobiliária. Segundo a petição, o Cave 45 iria ser transformado num hostel e isso não é verdade", referiu, até porque a "razão principal" é financeira, campo onde as coisas "não estavam a correr muito bem".

Apesar de "nunca ter gerado dívidas", os sócios "estiveram bastante tempo sem receber, não estava a compensar o esforço", apesar de "ironicamente, depois de saber que ia fechar, ter passado a correr bastante bem".

"Este período tem corrido muitíssimo bem, parece que as pessoas adoram funerais. A partir do momento em que anunciámos que íamos fechar, as coisas têm corrido muito bem", comentou Óscar Pinho, que, com Iolanda Pereira e Paulo Rodas Pereira, abriu o Cave 45.

A programação ligada ao rock, punk e metal, aliada a uma "localização excelente", fez com que o espaço se afirmasse desde a abertura, em Dezembro de 2014, e esses géneros musicais serão agora "uma lacuna" na cidade. "É verdade que nós preenchemos uma lacuna que existia no Porto e com o nosso fecho essa lacuna vai voltar a existir. Mas espero que abram outros sítios", resumiu.

Óscar Pinho explica que o próprio espaço lhes apresentou "algumas limitações", principalmente com a sala de baixo, "que sempre foi vista como mera sala de concertos e nunca rentabilizada depois deles", e com uma parte superior pequena.

"Muitas pessoas dizem que vão ter saudades do Cave 45, e eu acho que é verdade. Se estivesse do outro lado, também teria. É um espaço com condições razoáveis em termos de concerto, nem muito grande nem muito pequeno, e vieram cá coisas que vão na memória das pessoas. Ficaram na minha", reflectiu o também músico, que lembrou bandas para as quais o espaço podia ser "demasiado pequeno, mas que vieram cá".

A gerência, que não foi contactada para transpor o conceito do espaço para outro sítio ou para ser apoiada, nunca recorreu a patrocínios ou apoios.

Cães Vadios na despedida

A banda portuense Cães Vadios vai voltar aos palcos, 22 anos depois do último concerto, numa actuação marcada para quinta-feira. O concerto está integrado no ciclo "Rock and Roll Circus", uma "programação periódica" do Cave 45, explicou Óscar Pinho, que além de sócios do espaço portuense é também baixista dos Cães Vadios, cujo último concerto aconteceu em Outubro de 1995, nas Noites Ritual.

"Este concerto partiu do desafio de um amigo, que foi aceite. Mas é uma coisa efémera, não temos pretensões de voltar. Vai ser um concerto bastante curto, onde vamos tocar quatro temas", apontou o baixista do grupo. A noite contará ainda com Thee Magnets, o grupo vai actuar com Óscar Pinho, no baixo, Guilherme Lucas, guitarrista e único elemento que esteve na banda desde o princípio, Carlos Moura, que também integra os Thee Magnets, na bateria, e David Pontes, na voz.

Na sexta-feira, os Juseph sobem ao palco ao lado dos Muay, antes do regresso dos Peste & Sida ao espaço, no sábado, depois de terem actuado "no início da Cave".

Na noite de domingo para segunda-feira, de passagem de ano, a programação da última noite do Cave 45 incide num "concerto especial" dos amigos Hellcharge, dos lisboetas Roädscüm e dos espanhóis Black Panda, banda da Corunha que já passou pela casa portuense.

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