O ano de 2018 será mais fácil para o PSD? Na oposição isso não existe

Como fica a vida do maior partido da oposição depois de Pedro Passo Coelho.

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A vida do PSD depois de Passos LUSA/HUGO DELGADO

Depois de um desaire eleitoral nas autárquicas de Outubro, da despedida do líder que dominou o partido nos últimos oito anos e de um certo apagão nestas semanas mais recentes, o PSD prepara-se para abrir um novo ciclo. Será que 2018 vai ser mais fácil para o PSD? O papel de um partido da oposição nunca é fácil, concordam sociais-democratas ouvidos pelo PÚBLICO, embora mostrem uma perspectiva risonha para o próximo ano.

Já nas primeiras duas semanas de Janeiro, o PSD terá um novo líder – Rui Rio ou Pedro Santana Lopes. Um mês depois são eleitos os membros da direcção e de outros órgãos nacionais em congresso. É o momento em que começa a contagem decrescente para as eleições legislativas previstas para 2019. “Não nos esperam facilidades. Temos que fazer um trabalho de alternativa”, considera Luís Montenegro, ex-líder parlamentar do PSD. O social-democrata defende que o partido “tem uma margem de crescimento político que se deve consubstanciar nas eleições de 2019”.

Para o eurodeputado Paulo Rangel, o PSD não terá uma vida fácil – “nunca tem, na oposição” – mas aparecerá com “uma energia renovada e isso não deixa de ser estimulante”. Por outro lado, o ano de 2017 também permitiu uma “clarificação” no panorama político. “As tensões entre os partidos à esquerda são muito mais claras por razões ideológicas mas também por calendário. Há imenso terreno para fazer oposição”, observa Paulo Rangel. O ex-líder parlamentar, que chegou a ponderar candidatar-se à liderança do PSD nesta corrida eleitoral, lembrou que o executivo também mostra fragilidades que podem ser aproveitadas: “O Governo tem uma gestão mais favorável do que se antecipava mas tem uma gestão política que eu diria negativa”. Com estas condições “quer internas, quer externas”, Paulo Rangel antevê um “fôlego adicional” para o PSD.

Luís Montenegro também sublinha o terreno fértil para fazer oposição ao considerar que “daqui para a frente, a julgar pelas divergências que se vão notando, o Governo vai ser mais imobilista”.

Essas “fragilidades” no Governo “já se notam”, sublinha Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu, um dos municípios que estavam seguros para os sociais-democratas nas eleições de Outubro. O autarca e mandatário nacional do candidato Santana Lopes considera que o novo ciclo deverá espicaçar o partido. “Este é um Governo muito táctico e sem estratégia. O PSD deve aproveitar bem isso no novo ciclo e mobilizar a sociedade”, defende o ex-secretário de Estado.

Sem facilidades e com exigência, Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD e fundador do movimento interno Portugal Não pode Esperar, vê o próximo ano como o momento de o PSD “começar a preparar a alternativa” para 2019 e reconquistar eleitorado do partido. “O PSD precisa de atrair novos talentos, novos rostos e tem de se modernizar internamente”, afirma este apoiante de Rui Rio.

Dentro do partido já é tese dominante que os prazos estabelecidos para as eleições internas e congresso acabaram por se revelar demasiado longos. Desde que Passos Coelho anunciou que não se recandidatava a líder, em Outubro, que o PSD tem vivido semanas algo insólitas, com o ainda presidente muito apagado, uma campanha morna e um CDS a aproveitar a corrida interna do seu parceiro natural no centro-direita.

O deputado Carlos Peixoto, líder da distrital da Guarda e apoiante de Rui Rio, admite até que “este período de transição prejudicou um bocadinho o partido”, mas que com o novo ano e novo líder o partido está preparado para fazer “uma oposição firme”. O dirigente espera um partido mais organizado e mais atractivo: “Os eleitores só votarão no PSD se virem um partido com ideias”.

A renovação – ou até mesmo revolução na forma de o partido funcionar – é um dos pontos em que Rui Rio tem vindo a batalhar, defendendo mesmo que se isso não for feito o PSD pode desaparecer. Essa nova etapa rumo as legislativas de 2019, segundo o ex-autarca do Porto, passa por colocar o partido ao centro. A incógnita estará na forma como Rui Rio, caso venha a ser eleito líder, se relacionará com o primeiro-ministro.

Já Santana Lopes assumiu a estratégia que seguirá, se for líder do PSD: não há consensos com o PS até 2019.

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