Embrião congelado durante 24 anos deu origem a bebé saudável

Emma nasceu em Novembro, mas foi concebida em 1992. A mãe que agora deu à luz a bebé tinha na altura um ano e meio.

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Os embriões criopreservados são guardados em palhetas guardadas no interior de contentores de azoto líquido, a -196ºC NELSON GARRIDO

A bebé Emma Wren Gibson nasceu a 25 de Novembro deste ano, mas a sua história não é assim tão simples: o seu embrião tinha sido congelado a 14 de Outubro de 1992. Por essa altura, a mulher que agora adoptou o embrião, implantado no seu útero, tinha pouco mais de 18 meses de idade. Segundo os investigadores do centro médico da Universidade de Tennessee, nos Estados Unidos, trata-se de um “recorde mundial”, já que poderá ser o embrião humano que esteve mais tempo congelado e que acabou por dar origem a um bebé saudável.

Os pais de Emma, que vivem no estado norte-americano de Tennessee, admitiram ter ficado chocados quando souberam a idade do embrião, que foi descongelado em Março — sobretudo porque Tina Gibson, a mãe, só tem 26 anos. “Este embrião e eu poderíamos ter sido melhores amigos”, disse à CNN. “Eu só queria um bebé. Não me interessa se é um recorde mundial ou não”.

A história de Emma, que completará um mês de vida na próxima segunda, começou há mais de duas décadas, grande parte dela enquanto embrião guardado num recipiente de azoto líquido. Um casal anónimo decidiu, após ter recorrido à fertilização in vitro, deixar alguns embriões excedentários “armazenados” para que pudessem ser usados por alguém que não conseguisse ter filhos.

Os pais da bebé, Tina e Benjamin Gibson, estão casados há sete anos. Sabiam desde o início que seria difícil ter filhos biológicos, já que Benjamin, de 33 anos, sofre de fibrose cística, uma doença genética e degenerativa que, na maioria dos casos, resulta também em infertilidade masculina. Benjamin acredita que a sua filha é um “milagre”.

“Tínhamos decidido que iríamos adoptar, e sentíamo-nos bem com isso”, conta Tina à CNN. Até que, numa viagem a casa dos pais de Tina, o seu pai sugeriu a adopção de embriões, de que tinha ouvido falar nas notícias – depois de muitas semanas a pensar e a pesquisar sobre o assunto, decidiram fazê-lo. Antes da transferência dos embriões para o útero, o casal teve de analisar os perfis genéticos dos dadores. “Tivemos duas semanas para, literalmente, analisar 300 perfis”, explicou Benjamin à CNN, admitindo que se focaram sobretudo no historial médico e nas características físicas dos dadores que fossem parecidas com as suas.

Um “recorde mundial”

Carol Sommerfelt, directora de embriologia no Centro Nacional norte-americano de Doações de Embriões que acompanhou todo o processo, admitiu estar entusiasmada com o nascimento, tendo em conta todo o tempo em que o embrião esteve congelado. Antes, o embrião mais antigo de que havia registo, e que tinha resultado num bebé saudável, tinha sido congelado 20 anos antes de nascer. O embrião tinha sido criopreservado em 1990 e o bebé rapaz nasceu saudável em 2010.

“É um recorde mundial”, admitiu logo Carol Sommerfelt na altura de implantar o embrião. Ainda assim, não há garantias que assim seja, já que as instituições norte-americanas não são obrigadas a indicar a idade de um embrião, só o desfecho da gravidez.

Os embriões são criopreservados em palhetas guardadas no interior de contentores de azoto líquido, a uma temperatura de quase 200ºC negativos. Mesmo que sejam cumpridos todos os requisitos de segurança, “há embriões que não sobrevivem ao processo de criopreservação e descongelação”, razão pela qual podem ser descongelados mais do que um embrião, segundo se lê no site da ferticentro. Além do embrião que viria a dar origem a Emma, foram transferidos dois outros embriões, dos mesmos dadores – mas só um ficou implantado no útero.

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