Do vinho aos relógios: as plataformas que oferecem luxo

É um modelo de compras que mesmo os consumidores mais ricos estão a adoptar.

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Reuters/CHARLES PLATIAU

Alugar ou partilhar. As plataformas online que oferecem este tipo de serviços, dos relógios aos carros desportivos, passando por outros bens de luxo, estão a levar a uma mudança nos hábitos de consumo. Há empresas que convidam os consumidores a desfrutar das marcas de luxo sem gastar uma fortuna. Por exemplo, pagando uma taxa mensal fixa para este mês usar um relógio Rolex e, no próximo, escolher outra marca de luxo.

As empresas dizem que o mercado para alugar ou co-investir em tudo, desde joalharia até obras de arte, está a ganhar importância junto de clientes moderadamente bem-sucedidos, que aspiram a uma boa vida e, potencialmente, também junto dos que são realmente ricos. “A nova geração leva uma vida muito diferente, as pessoas querem manter as suas opções em aberto”, explica Marco Abele, que trabalhou na banca digital no Credit Suisse e agora desenvolve a Tend, uma plataforma de partilha, que será lançada na Suíça em Março.

Esta oferece às pessoas maneiras de comprar acções na Porsche ou numa vinha, para obter um retorno sobre o seu investimento ou a oportunidade de usufruir do carro, ocasionalmente, ou obter umas garrafas personalizadas. Com o objetivo de “democratizar” o luxo, os clientes-alvo são homens ou mulheres cujo o património ronda os 100 mil a um milhão de francos suíços (85 mil a 860 mil euros), disse Abele.

Embora ainda pequena, prevê-se que a economia partilhada cresça de cerca de 13 mil milhões, em 2016, para 283 mil milhões de euros em 2025, segundo a PricewaterhouseCoopers. O luxo é apenas uma pequena parte disso, mas tem potencial. “Não é um mercado significativo, mas está em crescimento e vai tornar-se mais significativo”, prognostica Olivier Abtan, um especialista de luxo do Boston Consulting Group. “Há muitas start ups e especialmente jovens empenhados nisso.”

Eleven James, um site de aluguer de relógios, lançado em 2014, com sede nos EUA, quer estender o seu negócio às jóias e obras de arte e pode expandir-se para o exterior, diz Olivier Reza, presidente executivo da empresa. Em Novembro, esta empresa – cujas taxas mensais variam entre 126 e 423 euros – abriu a possibilidade de coleccionadores alugarem os seus relógios. “Isso ocorreu principalmente por causa da procura dos consumidores”, explica Reza. “As pessoas têm mais relógios, não podem usá-los todos de uma vez e cansam-se deles”, justifica.

Experimentar antes de comprar

Para alguns fabricantes de luxo, esse mercado emergente pode ser um problema. Para já, ainda estão a conciliar-se com o mercado electrónico, com receio que a venda online dilua as marcas e ainda estão a lutar por controlar a distribuição, resistindo a mudar-se para sites convencionais como a Amazon.

Agora, correm o risco de perder as vendas quando as pessoas alugam uma peça de luxo, tornando os itens mais acessíveis e omnipresentes,prejudicando a sua exclusividade.

Ainda assim, já há algum tempo que existe a possibilidade de alugar um vestido de noite ou acessórios de marcas como a Chanel ou a Louis Vuitton; assim como co-investimentos em activos, incluindo jactos particulares e iates. As plataformas online oferecem um meio de expansão rápida desses serviços.

Para o entusiasta de relógios Chi Chan, de 43 anos de idade, um programador a trabalhar em Nova Iorque, que já usou quatro relógios da Eleven James, o site é uma maneira fácil de testar antes de comprar. “Às vezes, é muito intimidante ir a uma loja e sentir que os vendedores nos estão a julgar”, confessa, acrescentando que com o arrendamento online se sente menos pressionado.

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