Extrema-direita chega ao Governo na Áustria em coligação

Conservadores fizeram acordo com o Partido da Liberdade.

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Heinz-Christian Strache (esquerda) e Sebastian Kurz (direita) na declaração conjunta sobre a coligação LUSA/CHRISTIAN BRUNA

O partido conservador da Áustria (ÖVP), liderado por Sebastian Kurz, chegou a um acordo esta sexta-feira com o partido anti-imigração, o Partido da Liberdade (FPÖ), tornando a Áustria no único país da Europa com uma representação de extrema-direita no Governo.

O acordo, feito dois meses após as eleições para o parlamento – em que o tema dos migrantes na Europa dominou o debate –, termina um período de mais de uma década em que o Partido da Liberdade esteve na oposição. A última vez que o partido de extrema-direita esteve no Governo foi em 2000. O partido de Kurz venceu as eleições de 15 de Outubro usando uma argumentação dura contra a imigração que se sobrepunha ao discurso do Partido da Liberdade, que ficou em terceiro lugar, com 26% dos votos.

“Informamos que há um acordo azul-turquesa”, disse Kurz aos jornalistas, numa declaração conjunta com Heinz-Christian Strache, o líder do FPÖ, referindo-se às cores dos dois partidos. Strache e Kurz disseram que os detalhes do acordo iriam ser apresentados publicamente no sábado, depois do encontro que tiveram com o Presidente Alexander Van der Bellen e das discussões que os líderes tiveram com as estruturas dos seus partidos.

“Queremos reduzir o fardo aos contribuintes e, acima de tudo, queremos assegurar uma maior segurança no nosso país, isso passará também pela luta contra a imigração ilegal”, disse Kurz. Nos últimos anos, os partidos não tradicionais têm obtido grandes ganhos eleitorais na Europa, capitalizando com o descontentamento dos eleitores com a forma como os partidos do centro têm lidado com a economia, a segurança e a imigração. É esperado que o FPÖ consiga agora lugares-chave. Uma pessoa que esteve perto das conversações disse que o partido irá deter os Ministérios da Defesa, do Interior e dos Negócios Estrangeiros.

Quando o Partido da Liberdade entrou para o Governo em 2000, outros países da União Europeia impuseram, em protesto, pequenas sanções à Áustria. Dada a mudança que a paisagem política europeia sofreu desde então, é provável que as reacções sejam agora menos relevantes. Ainda assim, para impedir potenciais críticas exteriores, Kurz assegurou que o seu Governo irá ser pró-Europeu. Para isso, o político planeia transferir departamentos relacionados com a Europa do Ministério dos Negócios Estrangeiros para o seu gabinete, e assegurou que não irá haver um referendo do tipo do Brexit para a Áustria sair da União Europeia, adianta uma fonte.

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