Aboubakar não quis esperar pelos amigos turcos

Avançado camaronês voltou a bisar frente a Jardim e confirmou o “dragão” entre os 16 melhores da Europa, à custa de um Mónaco sem "sangue azul".

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Aboubakar Reuters/MIGUEL VIDAL

O FC Porto não desperdiçou a oportunidade de alcançar os oitavos-de-final da Champions pela 13.ª vez, reforçando os cofres da SAD com 7,5 milhões de euros que os “dragões” fizeram por merecer, levando muito a sério um Mónaco de recurso (5-2), indiferentes ao que o RB Leipzig seria capaz de fazer.

A equipa portuguesa teve, entre outros, o mérito de não menosprezar o adversário, atacando as fragilidades evidentes do Mónaco, sobretudo num palco em que a experiência é factor determinante.

Atento ao processo de intenções monegasco, o FC Porto abordou o jogo com uma espécie de bluff... retirado em cima da hora. Otávio era a surpresa reservada por Sérgio Conceição para uma abordagem menos conservadora, a dar um toque de insolência no plano táctico, mais consonante com as necessidades da equipa para evitar dependências de terceiros. Mas a novidade morreu à nascença, por lesão, e a opção Otávio deu lugar a uma segunda via, com André André — de vocação mais musculada e combativa — a motivar uma alteração relevante nos planos iniciais.

Por seu lado, Leonardo Jardim cumpria com o prometido e lançava as bases de uma nova casta, deixando alguns nomes ilustres no banco. Uma aposta que não tardaria a provar o elevado risco e a necessidade de repensar o futuro.

Apesar de tudo, o Mónaco obrigava o FC Porto a subir no relvado a pulso antes de se afirmar definitivamente o dono da bola. Até porque André André, na primeira falta da noite, recebia um cartão que o condicionava, criando dúvidas numa altura em que Felipe e Ricardo revelavam boa tracção, com o central a antecipar todas as intenções monegascas e o lateral a provocar fissuras no flanco direito.

O FC Porto não tardaria, contudo, a reactivar a veia goleadora de Aboubakar e a adiantar-se com um golo imaginado pelo lado lunar de Brahimi (9’).
Um golo com efeito duplo, já que na Alemanha os turcos do Besiktas — mesmo sem a cumplicidade de Pepe e Quaresma — estavam sincronizados com o Dragão e escancaravam as portas dos “oitavos” para os portistas, quebrando moralmente o RB Leipzig na sequência de um penálti convertido à mesma hora em que o camaronês festejava na Invicta.

O FC Porto parecia ter conseguido o mais difícil, uma preciosa vantagem que até poderia ter sido ampliada caso não tivesse sido negada a Brahimi uma grande penalidade cometida por Glik, ainda antes da primeira meia-hora de jogo.

Com Moutinho e Falcao a seguirem cabisbaixos todas as incidências da primeira fila, o Mónaco procurava as referências que tinha em campo para desfazer a vantagem portista e evitar a terceira derrota no terceiro duelo entre as duas equipas. Glik propunha um balão a José Sá, mas era obrigado a tirar o chapéu a Aboubakar no lance do segundo golo (33’), com Danilo a descobrir o carrasco dos franceses, que conseguiu meter a bola entre as pernas de Glik e Benaglio.

O FC Porto estava agora a apenas um golo do resultado-tipo dos jogos com o Mónaco, o que até foi atingido antes do intervalo, com uma facilidade impressionante, num golo de Brahimi (45’), que só teve de agradecer a Aboubakar o passe picado.

Mas antes do anúncio do colapso, um episódio entre Ghezzal e Felipe marcava o jogo de forma indelével. Uma falta do brasileiro levou o argelino a reagir com agressão a que o portista respondeu, acabando os dois na rua. O árbitro acertava a sua primeira decisão antes de negar novo penálti ao FC Porto, por mão de Kongolo. O sueco Jonas Eriksson haveria, no entanto, por conceder uma grande penalidade aos franceses, punindo uma mão de Marcano em lance discutível, apesar do gesto suspeito do espanhol, que não se cansou de jurar que a bola tinha batido na axila.

Com menos jogadores em campo e mais espaços para explorar, o Mónaco saboreava o sangue do “dragão” e Leonardo Jardim pensava na redenção. Mas antes que tivesse tempo para agir, Alex Telles assinava um golo simultaneamente vistoso e oportuno (65’), repondo a diferença de três golos. Ao treinador madeirense já não restavam grandes dúvidas. Para mudar o carácter da equipa era preciso recorrer a dois homens de sangue azul. Com Moutinho e Falcao notou-se uma melhoria e ao colombiano não foram necessárias muitas oportunidades para sublinhar o estatuto de melhor marcador da história do FC Porto nas competições europeias (78’).

O Mónaco encurtava distâncias, mas acabava encurralado por Soares, a fechar as contas da noite (88’), com Sérgio Conceição a gerir e a pensar no que aí vem. O V. Setúbal, no caso, antes do sorteio de segunda-feira.

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