Os organizadores da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) informaram esta terça-feira que a escritora brasileira Hilda Hilst (1930-2004) será homenageada na 16.ª edição do evento, que acontecerá em 2018.

De acordo com o director geral da FLIP, Mauro Munhoz, a escolha deu-se pelo facto de a obra desta escritora brasileira extrapolar fronteiras.

"Hilda Hilst leu Carlos Drummond, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, mas leu também Fernando Pessoa, o francês Saint-John Perse e o alemão Rainer Maria Rilke. O resultado é uma literatura inovadora do ponto de vista da linguagem que exerce, por exemplo, forte influência na cena da dramaturgia brasileira de hoje", afirmou o director.

Já Joselia Aguiar, curadora do festival literário que anualmente reúne grandes nomes da literatura mundial no Brasil, destacou que em 2018 acontecerá "uma FLIP intimista, com muita poesia e teatro, um pouco de irreverência e debates sobre criação artística, a arte e a natureza, a literatura e a filosofia".

Hilda Hilst escreveu poesia, ficção, teatro e crónica, tendo construído uma obra singular em língua portuguesa na segunda metade do século XX em torno de temas como o amor, o sexo, a morte, deus, a finitude das coisas e a transcendência da alma.

Hilst estreou-se na literatura aos 20 anos, com um livro de poesia que foi recebido com entusiasmo por autores consagrados como Cecília Meireles e Jorge de Lima, de quem era leitora. Ainda jovem, conheceu a escritora Lygia Fagundes Telles, com quem manteve um laço duradouro.

A obra de Hilda Hilst reúne dezenas de títulos, entre os quais obras-primas como Cantares de Perda e Predileção (poesia), Rútilo Nada (ficção) e A Obscena Senhora D (ficção). Em mais de 50 anos de carreira, a escritora recebeu diversos prémios e foi traduzida para o inglês, francês, espanhol, basco, alemão, italiano, norueguês e japonês.

A próxima edição da FLIP realiza-se de 25 a 29 de Julho em Paraty, cidade localizada no litoral do Estado brasileiro do Rio de Janeiro.