Mudar a cara do vegetarianismo, um brunch de cada vez

No espaço familiar criado por Naz, o que impera são as duas coisas que lhe trazem mais paz: a comida saudável e a arte.

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Num recanto escondido do Parque das Nações, perto do Oceanário, há um lugar cujo objectivo é mudar a percepção de que comida vegetariana equivale a saladas. Aqui alimenta-se os clientes com comida de verdade e ninguém é obrigado a escolher da carta dos acompanhamentos. Ohana by Naz, de Anaisa Rashul, 29 anos, é uma nova jóia da cozinha vegetariana.

Montado em dois meses com ajuda da família, Naz, diminutivo para Anaisa, pretendeu criar um refúgio aos stresses do dia-a-dia que acolhesse os clientes como família, algo que a própria identificou como falha no mercado da restauração.

Nascida em Portugal mas uma verdadeira cidadã do mundo, passou por Moçambique, África do Sul e Dubai, tendo estado ainda um período nos EUA. “Formei-me em Arquitectura de Interiores, na Universidade Americana do Dubai, e trabalhei alguns anos nessa área mas apercebi-me que não era aquilo que me movia”, comenta a jovem empreendedora.

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Depois de um pouco de pesquisa, sentiu que um curso de Nutrição Holística em Nova Iorque era um percurso lógico, já que a comida sempre foi algo que fez parte da história da sua família. Por outro lado, era algo com que mantinha uma relação tumultuosa: a sua tendência para engordar incentivou-a a experimentar todo o tipo de dietas, que nem sempre tinham em conta a sua saúde.

De regresso a Portugal, abriu o seu restaurante em Maio, onde aliou a sua educação de design à cozinha, desenhando e decorando um espaço harmonioso que contempla uma parede coberta de cestos vindos de Moçambique e múltiplos candeeiros coloridos do Dubai.

O conceito do Ohana (cuja palavra, em havaiano, significa não só família mas também a família que se escolhe) fez perfeito sentido para Naz: pegou em receitas de família recolhidas nas várias partes do mundo onde viveu e tornou-as vegetarianas. Um sonho que nunca teria acontecido sem o apoio incondicional dos seus pais, conta.

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“Os meus pais têm negócios de restauração em Moçambique, têm o know-how todo de como gerir um restaurante”, diz, orgulhosa. “Quando cheguei a casa e disse que me sentia infeliz na minha carreira, foram os primeiros a incentivar a mudança.”

A cozinheira considera-se vegan-ish, principalmente por não se querer confinar a um rótulo que pode vir com uma certa pressão, e portanto decidiu que o restaurante devia ser vegetariano, para não impor esse rótulo a ninguém.

“Acho que o conceito ovo-lacto-vegetariano abrange mais pessoas, mais mentalidades e é algo menos extremista”, afirma Naz. “As pessoas têm medo daquilo que não conhecem e portanto quando experimentam e abrem um pouco a mente começam a ver o vegetarianismo com outros olhos.”

Comida para o corpo e alma

Em destaque no Ohana estão os almoços buffet, apresentando ainda jantares nos dias úteis e reservando os domingos para brunches.

O brunch, que era inicialmente à carta, acabou também por evoluir para buffet a pedido de muitos clientes, já que, para Naz, algo crucial para o negócio é ter em conta as críticas e dietas dos clientes, prestando atenção ao que cada um necessita.

Todos os meses a ementa de cada domingo é diferente e no mês seguinte volta ao início, mas a repetição nunca é exacta, oscilando de acordo com a criatividade de Naz e os vegetais da época.

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Os pratos rotativos mais cobiçados costumam ser o strogonoff de seitan, confeccionado com natas de soja e leite de amêndoa, as pataniscas de vegetais com arroz malandro e o caril tailandês. Os pedidos à carta com mais saída são o hambúrguer, as falafels e as panquecas, todos vegan.

“A partir de Janeiro vamos expandir o menu de jantar, tirando um pouco os snacks e pondo mais pratos à noite” conta a proprietária. Para o ano também se iniciarão workshops de culinária. A ideia é que ir ao Ohana by Naz seja, mais do que uma refeição num restaurante, uma experiência. 

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