Coreia do Norte lançou novo míssil balístico. E estima-se que tenha a capacidade para atingir Washington

Projéctil terá caído em águas pertencentes à Zona Económica Exclusiva do Japão e atingiu uma altitude nunca antes alcançada num ensaio norte-coreano. Foi o primeiro míssil lançado por Pyongyang desde Setembro.

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A hora em que ocorreu este ensaio foge à regra, pois o regime de Kim Jong-un nunca tinha realizado um teste balístico ou nuclear a meio da noite Reuters/KCNA/Arquivo
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O regime de Kim Jong-un não lançava mísseis desde Setembro Reuters/KCNA
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A Coreia do Norte lançou mais um míssil balístico na madrugada de quarta-feira (ainda terça-feira em Lisboa), segundo avançou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, citando as Forças Armadas de Seul. O lançamento foi também confirmado por uma fonte governamental dos Estados Unidos, diz a Reuters. O Pentágono acredita ter sido um míssil balístico intercontinental e estima-se mesmo que chega o mais poderoso alguma vez lançado pela Coreia do Norte, tendo capacidade para atingir Washington, a capital norte-americana. 

Segundo a agência sul-coreana, que cita fontes militares, o míssil terá sido lançado numa zona a norte de Pyongyang e em direcção a Este, mas as autoridades da Coreia do Sul ainda estão a analisar, juntamente com as norte-americanas, a trajectória do projéctil. O disparo terá ocorrido cerca das 3h30 da quarta-feira, hora de Seul (18h30 de terça-feira em Lisboa). A hora em que ocorreu este ensaio foge à regra, pois o regime de Kim Jong-un nunca tinha realizado um teste balístico ou nuclear a meio da noite.

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Segundo a Reuters, que cita a NHK, o ministro da Defesa nipónico afirma que o míssil poderá terá caído em águas pertencentes à Zona Económica Exclusiva do Japão e que terá atingido 4000 quilómetros de altitude - James Mattis, secretário da Defesa norte-americano, confirmou já que esta é a maior altitude alguma vez alcançada num ensaio norte-coreano. A NHK avança ainda que Tóquio estima que o míssil voou durante mais de 50 minutos e que não terá sobrevoado o território japonês. O Pentágono calcula que percorreu 1000 quilómetros.

"Foi mais alto, francamente, do que qualquer disparo que eles tenham feito anteriormente", disse Mattis, acrescentando que a Coreia do Norte está a desenvolver "mísseis balísticos que ameaçam qualquer lugar no mundo".

Washington Post explica que a altitude que o projéctil atingiu, bem como a duração do voo, indica que tem a capacidade de atingir a cidade de Washington. Citando David Wright, director do programa de segurança global da organização sem fins lucrativos Union of Concern Scientistis (União de Cientistas Interessados, na tradução literal para português), o jornal diz que o míssil intercontinental foi lançado nesta terça-feira directamente para cima. No entanto, se tivesse voado numa trajectória padrão, de forma a maximizar o seu alcance, o míssil poderia percorrer mais de 13 mil quilómetros – Washington e Pyongyang estão separados por cerca de 11 mil quilómetros.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, convocou uma reunião de emergência com os seus ministros. O Japão e os EUA pediram depois uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se realizará nesta quarta-feira.

Momentos depois deste ensaio, o primeiro de Pyongyang desde 15 de Setembro, a Coreia do Sul testou as suas defesas anti-míssil.

Por sua vez, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, foi informado da situação "quando o míssil estava ainda no ar". "É uma situação com a qual vamos lidar", reagiu entretanto Trump, afirmando que este novo lançamento não vai alterar a abordagem dos EUA ao assunto Coreia do Norte.

Durante o dia de terça-feira, e de acordo com a agência japonesa Kyodo, o Governo nipónico esteve em alerta depois de ter interceptado comunicações de rádio que sugeriam que Pyongyang estaria a preparar um novo lançamento. Segundo a Reuters, a suspeita era partilhada pelas autoridades norte-americanas. 

Na semana passada Trump classificou oficialmente a Coreia do Norte como estado patrocinador de terrorismo, aprovando, um dia depois, um novo pacote de sanções contra o regime de Kim Jong-un. Pyongyang reagiu a esta medida considerando-a uma "provocação séria" que justifica a sua aposta no desenvolvimento nuclear.

Como lembra a CNN, antes do ensaio desta terça-feira, a Coreia do Norte lançou, desde Fevereiro, 22 mísseis sem transportar ogivas nucleares activas em 15 testes diferentes. Pyongyang nunca realizou tantos lançamentos em tão pouco tempo.

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