O que é o glifosato?

Daqui a cinco anos, o herbicida regressa à mesa das negociações europeias.

Foto
Roundup, a marca de glifosato da empresa norte-americana Monsanto YVES HERMAN/Reuters

Ao fim dos cinco anos da renovação agora aprovada, o que é que acontece ao glifosato na União Europeia?

Quando o prazo dos cinco anos chegar ao fim, a 15 de Dezembro de 2022, as empresas que comercializam o herbicida devem, caso queiram continuar a fazê-lo, pedir outra vez uma renovação da licença de uso do glifosato. Nessa altura, a Comissão Europeia terá de voltar a reunir os países-membros para nova votação.

Quando foi inventado o glifosato?

Foi inventado na Suíça, em 1950, mas acabou por ser esquecido, uma vez que não se percebeu, na altura, que podia ser utilizado como herbicida, para matar uma grande variedade de espécies vegetais e, sobretudo, para queimar ervas daninhas. Mais tarde, em 1969, o cientista John Franz foi quem acabou por desenvolver a fórmula química. E lançou-se assim, em 1974, o Roundup, a marca da empresa norte-americana Monsanto, para a qual John Franz trabalhava. Desde então têm-se produzido muitas variações do produto. Só na Europa existem cerca de 300 herbicidas à base de glifosato de 40 empresas. O uso do herbicida tem vindo a aumentar no mundo, por exemplo, devido ao desenvolvimento de culturas geneticamente modificadas com o objectivo de resistirem a este herbicida.

Quantos relatórios foram elaborados sobre o glifosato nos últimos tempos?

Entre 2016 e 2017, foram elaborados quatro relatórios por várias instituições. O primeiro – da Agência Internacional para a Investigação do Cancro, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado em Março de 2015 – considerou o glifosato um herbicida genotóxico (com efeitos negativos para o ADN) e “provavelmente” carcinogénico, o que contribuiu para alimentar os protestos de alguns países e de grupos ambientalistas. Os outros três relatórios concluíram, contudo, que é pouco provável que o glifosato provoque cancro nas pessoas. Um destes últimos relatórios incluía entre os autores a OMS. Por isso, a OMS alertou para o facto de os vários relatórios parecerem contradizer-se, mas que, na verdade, são complementares: o glifosato pode ser perigoso, mas não representa necessariamente um risco para a saúde. A diferença entre perigo e risco foi explicada pela OMS em Maio de 2016: um produto químico pode ser perigoso em si mesmo, mas representar um risco mínimo para a saúde das pessoas tendo em conta a exposição a ele a que estão sujeitas, devido, por exemplo, à sua ocupação profissional, ao ambiente ou à comida.  

Texto editado por Teresa Firmino

Sugerir correcção
Ler 2 comentários