Comboios vão voltar a circular entre a Covilhã e Guarda

Investimento de 73 milhões de euros vai voltar a ligar a linha da Beira Baixa à Beira Alta e encurtar o caminho ferroviário das mercadorias para Vilar Formoso

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Enric Vives-Rubio

O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, assinou hoje na Guarda o contrato de adjudicação da obra que vai reabrir o caminho-de-ferro entre aquela cidade e a Covilhã. Trata-se de um troço de 46 quilómetros que foi encerrado em 2009 precisamente com o objectivo de ser modernizado, mas cujos trabalhos foram interrompidos depois de intervencionados dez quilómetros.

A reabertura deste troço faz parte do programa de investimentos em infraestruturas ferroviárias Ferrovia 2020, apresentado pelo Governo em Fevereiro de 2016, e que previa que nesta altura as obras já estivessem a decorrer há seis meses por forma a estarem concluídas em finais de 2018. A nova calendarização aponta agora o fim dos trabalhos para o primeiro trimestre de 2019.

Em contrapartida a obra sai mais barata do que o esperado. O Ferrovia 2020 previa gastar quase 85 milhões de euros nesta obra, mas o valor deverá quedar-se pelos 73 milhões.

Estes 12 milhões de euros de diferença devem-se à empreitada de construção civil – hoje assinada – que foi lançada a concurso por um preço base de 65 milhões de euros, mas que será adjudicada por 53 milhões de euros.

A restante parte do investimento inclui a compra de travessas e carris, a cargo da própria Infraestruturas de Portugal, e às empreitadas para a instalação de sistemas de sinalização e telecomunicações.

Esta obra vai mais longe do que a modernização do troço Covilhã – Guarda pois inclui a construção de uma variante de 1500 metros que liga directamente a linha da Beira Baixa à da Beira Alta permitindo que os comboios prossigam directamente para Vilar Formoso sem ter que ir à estação da Guarda inverter o sentido da marcha.

O objectivo é que a linha da Beira Baixa se assuma como alternativa à Beira Alta nas ligações a Espanha, sobretudo no transporte de mercadorias.

Para os passageiros, a viagem da Covilhã à Guarda que à data de encerramento demorava 1h12, será reduzida para 42 minutos, mas o grande desafio para a CP vai ser recuperar o tráfego perdido visto que o mercado arranjou entretanto outras alternativas.

A empresa tem em estudo a criação de “intercidades circulares” de Lisboa a Lisboa via Beira Baixa e Beira Alta, nos quais a mesma composição que sai de Santa Apolónia e passa por Entroncamento, Abrantes, Castelo Branco, Covilhã e Guarda, prossegue depois por Celorico da Beira, Mangualde, Nelas e Coimbra regressando a capital. O mesmo percurso será realizado em sentido contrário.

A modernização que agora se reinicia contempla a electrificação da linha de Covilhã à Guarda, automatização e eliminação de passagens de nível, a instalação de sinalização electrónica e telecomunicações, a reabilitação de seis pontes centenárias e a remodelação das estações de Maçainhas, Benespera e Barracão.

A concordância de 1500 metros que unirá a linha da Beira Baixa à Beira Alta inclui a construção de uma ponte de 238 metros sobre o rio Diz.

Quando em 2009 a linha foi encerrada já tinha sido feita a renovação integral da via num troço de dez quilómetros. E quatro anos antes, em 2005, tinham sido reabilitadas várias pontes ferroviárias, também centenárias. Estes investimentos, porém, ficaram desaproveitados porque a última empreitada que deveria ter reaberto a linha em 2010 não resistiu à crise e as obras pararam. 

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