Mugabe vai ter imunidade e poderá ficar no país

Foi concedida imunidade ao até agora Presidente do Zimbabwe e a toda a família como parte da negociação que levou à sua demissão.

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Reuters/Mike Hutchings

As Forças Armadas do Zimbabwe, que lideraram a transição de poder naquele país, garantiram imunidade a Robert Mugabe como parte do acordo para que este se demitisse da presidência.

George Charamba, porta-voz de Mugabe, explicou que os generais queriam evitar uma “saída desonrosa” do histórico Presidente do Zimbabwe, acrescentando que nunca foi colocado em questão a saída de Mugabe do país nem o arresto dos seus bens, de acordo com o Financial Times.

O Guardian cita também fontes próximas às negociações, que dizem que Mugabe se recusou a deixar o Zimbabwe, afirmando que queria morrer no país. O até agora Presidente rejeitaou desta forma a oferta de exílio em Singapura ou na Malásia, onde terá várias propriedades. “A maior parte do acordo é em redor da família, a sua mulher e filhos, para que não possam ser afectados”, explicou uma das fontes.

O acordo sobre a imunidade deverá abranger por isso toda a família do antigo Presidente, incluindo afilhados e sobrinhos, bem como a sua mulher, Grace Mugabe. Além disso, Robert Mugabe deverá ter direito à avultada pensão pelos quase 40 anos que passou na liderança do Zimbabwe.

Charamba defendeu também que, assim que a “multidão louca se acalme”, as críticas à governação de Mugabe serão esquecidas e que o seu legado será um elemento-chave na ideologia do partido ZANU-PF, cita o FT.

Mugabe foi acusado nos últimos anos de corrupção, possuindo uma vasta quantidade de propriedades e bens, inclusivamente fora do Zimbabwe, alegações que o próprio desmentiu. Grupos de activistas e opositores do antigo Presidente acusam o casal Mugabe de ter roubado propriedades utilizando para isso as forças policiais.

O estilo de vida da até agora primeira-dama ganhou também particular destaque, valendo-lhe a alcunha de “Gucci Grace”, com relatos de dias de compras em que chegou a gastar cerca de 88 mil euros (um dia de 2003 em Paris, diz a revista norte-americana Newsweek).

O sucessor de Mugabe será, pelo menos até às próximas eleições em 2018, Emmerson Mnangagwa, antigo vice-presidente que foi destituído pelo Presidente como parte de uma luta pelo poder em Harare, e sobre quem recaíram também algumas acusações de corrupção ao longo dos últimos anos.

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