“Calamidade” no vale do Sado, Fornos de Algodres sem rega

Sado produz 30% do arroz em Portugal. Produtores, regantes e agricultores pedem medidas urgentes. Em Fornos de Algodres, não há rega nem piscinas.

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ADRIANO MIRANDA

As associações de produtores de arroz e de regantes do Vale do Sado, responsáveis por 30% da produção nacional de arroz, dizem que a região vive uma situação de “calamidade” e pedem a adopção de medidas urgentes, pelo Governo, a tempo de iniciarem a nova cultura. A Associação de Regantes do Vale do Sado (ARVA), o Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado, a Soprasado - organização de produtores de arroz - e a Associação de Agricultores de Alcácer do Sal temem que o preço da água inviabilize a produção, face à seca extrema em que a região se encontra.

Em reunião de emergência na Câmara Municipal de Alcácer do Sal, esta sexta-feira, foi aprovado um pedido de audiência urgente ao ministro da Agricultura para a apresentação de “medidas de curto prazo”. Segundo o autarca de Alcácer do Sal, que o sector agrícola mandatou para representar a região nesta matéria, a decisão dos agricultores de avançarem para a próxima cultura de arroz depende de uma redução do preço da água do Alqueva cobrado pela Edia, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva.

“Nesta situação de seca extrema, o custo da água, que representa normalmente entre 20 a 25% dos custos de produção, pode chegar aos 60%, o que torna economicamente inviável a actividade”, disse Vítor Proença ao PÚBLICO. Outra medida de curto prazo que pedem é a criação de linhas de crédito que permitam aos produtores suportar o aumento de custos e perda de rendimentos provocados pela seca. 

Dois meses de poupança

Há dois meses que a autarquia de Fornos de Algodres avançou com medidas para poupança da água. Acabou a rega nos jardins públicos e mandou encerrar as piscinas. O presidente da Câmara, Manuel Fonseca, anunciou ainda que foram fechados todos os fontanários públicos. “Tendo em conta os recursos que tenho, tomei estas medidas. Nós não temos captações próprias. As nascentes estão secas e a única água que vai existindo é aquela que vem da empresa Águas do Vale do Tejo”, justificou. “Acho estranho que alguns municípios andem a regar os jardins mas cada um faz a sua gestão. Nós entendemos que não o devemos fazer, mas cada um sabe de si”, sustentou ainda.

O autarca está a fazer contas ao que o município está a poupar em metros cúbicos com estas medidas, avançando que o “mais importante é que as reservas possam assegurar o consumo humano”. Segundo o autarca, os municípios da Serra da Estrela que são servidos pela Barragem do Caldeirão têm água até meados de Janeiro, caso as condições se mantenham.

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