“Tu és a luz do meu mundo”, cantou Duterte a Trump

Os dois presidentes participaram na cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático no domingo.

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As Filipinas são o último país no périplo asiático do líder norte-americano Reuters/JONATHAN ERNST

Um palco, um microfone e uma balada. O cenário era o do jantar que marcou o fim da cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático, ASEAN, no domingo, nas Filipinas. O protagonista foi o próprio anfitrião. “Tu és a luz do meu mundo, a outra metade do meu coração”, cantou o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, acompanhando a banda que estava a actuar e dirigindo-se a Donald Trump. Ouvem-se palmas no auditório e Duterte esboça um tímido sorriso.

“Senhoras e senhores, cantei sem ser convidado e seguindo as ordens do comandante-chefe dos Estados Unidos”, justificou o chefe de Estado filipino, quando terminou a interpretação de Ikaw (Tu, em português).

A balada de amor interpretada por Duterte é um êxito de uma cantora filipina, Pilita Corrales. Com 78 anos, é considerada uma diva nacional e foi com ela que Duterte fez o dueto.

Duterte e Trump (e os outros líderes) estavam vestidos de igual, com a camisa tradicional do país anfitrião, feita de fibra da planta de abacaxi, bordada à mão e de cor creme. 

Para além de Trump e Duterte estavam no banquete mais 17 dirigentes da Associação das Nações do Sudeste Asiático, que junta, entre outros, China, Rússia, Japão, Canadá, Coreia do Sul, Índia, Austrália e Nova Zelândia.

As Filipinas foram o último país que o Presidente norte-americano visitou no seu périplo asiático, que começou no Japão e incluiu a Coreia do Sul, a China e o Vietname.

As Filipinas e os EUA são aliados históricos desde a II Guerra Mundial – os dois países têm um tratado militar que obriga à defesa mútua em caso de ataque –, mas as suas relações tinham esfriado com a aproximação de Duterte à China e à Rússia. Em Setembro de 2016, Duterte chamou “filho da puta” a Barack Obama.

O Presidente filipino deu início a uma polémica operação contra o tráfico de droga – há acusações de homicídio por parte das forças da ordem e de violação dos direitos humanos. Estima-se que a sua estratégia de combate ao tráfico de droga tenha resultado em mais de 3900 mortes. Outros milhares de mortes ficaram por explicar. O Governo garante que as autoridades agem em legítima defesa, mas críticos afirmam que ocorrem execuções, diz a agência Reuters.

Sobre este temaTrump não falou. Duterte não lhe deu espaço de manobra. Na semana que passou, o Presidente das Filipinas afirmou que diria ao norte-americano para “não chatear”, caso levasse para a mesa das discussões os direitos humanos nas Filipinas.

Esta segunda-feira, um responsável da Casa Branca disse que Trump fez uma “breve” menção ao tema durante o seu encontro com o homólogo filipino, depois de, em Maio, ter sido criticado por ter elogiado o trabalho de Duterte no combate às redes de tráfico de droga. Já o representante de Duterte afirmou, citado pela Reuters, que não houve qualquer referência ao tema dos direitos humanos ou às mortes extrajudiciais no encontro entre os dois.

Durante a visita, Trump disse que os dois países têm uma “óptima relação” e sublinhou que a cerimónia de encerramento da cimeira foi conduzida de forma “bonita” pelo Presidente das Filipinas.

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