Passos anda discreto pelo país mas avisa para riscos de novo resgate

Líder do PSD participa em iniciativas do partido mas sem comunicação social.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

Sem jornalistas por perto – por causa da disputa eleitoral interna –, o ainda líder do PSD tem participado em algumas iniciativas do partido aos fins-de-semana, a convite das estruturas locais. No último, Passos Coelho foi a Murça – onde os sociais-democratas tiraram a câmara ao PS – e alertou para os riscos de um Governo “simpático” que podem levar a um novo pedido de ajuda externa. Num discurso em que não faltaram as contas do país, o líder social-democrata desabafou: “Estou mais habituado a críticas do que elogios”.

Passos Coelho foi a Murça, distrito de Vila Real, no passado sábado à noite, cumprir um compromisso de campanha, em caso de vitória do PSD – o que aconteceu - , mas o partido não deu nota oficial dessa iniciativa, embora depois tenha divulgado o vídeo da intervenção no site. Não houve nota de imprensa nacional assim como não existiu no fim-de-semana anterior, em que o líder aceitou o convite para comparecer na abertura da festa da castanha em Sernancelhe. São participações discretas para não se sobreporem à campanha de Rui Rio e Pedro Santana Lopes, mas em que o líder do partido não deixa de dar recados ao Governo.

Elogiando a estratégia partidária local, Passos Coelho defendeu que os partidos, para terem um bom resultado e crescerem, têm de “continuamente estar abertos” e não se “fecharem” nos seus militantes. Depois, por entre sorrisos, agradeceu as palavras amigas que lhe dirigiram com um desabafo: “Eu estou mais habituado a ouvir críticas do que elogios e por isso estou mais preparado para responder às críticas”.

Apontando para a dívida do Estado, de 200 mil milhões de euros, o líder do PSD criticou a forma de governar do executivo de António Costa - “como se fôssemos ricos” - e perguntou quem não gostaria que “as pessoas ganhassem bem e que os reformados tivessem pensões altas”. Já houve quem tentasse e falhou, lembrou Passos Coelho, fazendo o paralelo com a governação de um antigo primeiro-ministro socialista. “No dia em que fracassou, o engenheiro Sócrates pediu ajuda à troika”.

O ex-primeiro-ministro prosseguiu e lançou uma pergunta: “Queremos apanhar juízo na cabeça ou queremos apenas ser simpáticos?"  Para depois deixar um cenário mais sombrio: “Se queremos ser simpáticos, preparemo-nos, é uma questão de tempo para que as coisas não corram bem no futuro”, afirmou, defendendo que a "margem para errar é muito pequenina” e que o “Governo está a aumentar os riscos a que Portugal está exposto”.

O líder social-democrata, que não se recandidata às eleições internas no PSD de 13 de Janeiro, deixou um desejo de união no novo ciclo: “Espero que o PSD se una muito em torno dessa liderança que venha a ser escolhida”. Até o sucessor chegar, Passos Coelho está em funções como líder do partido. Esta quinta-feira à noite, em Braga, estará no jantar do Partido Popular Europeu, em que participa também a líder do CDS, Assunção Cristas.

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