Moção de censura do CDS ao Governo marcada para dia 24

Conferência de líderes agendou discussão e votação para a próxima terça-feira. PCP acusa centristas de aproveitamento político da tragédia dos incêndios e PEV diz que CDS se censura a si próprio.

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LUSA/HUGO DELGADO

A conferência de líderes acabou de agendar para a próxima terça-feira, dia 24, a discussão e votação da moção de censura ao Governo apresentada esta quinta-feira pelo CDS. Os deputados terão pouco mais de três horas (184,5 minutos) para esgrimir argumentos.

Depois da reunião, apenas CDS, PCP e PEV falaram aos jornalistas. O primeiro para se limitar a confirmar o agendamento; os dois partidos à esquerda para criticarem a iniciativa dos centristas que dizem ser apenas de "aproveitamento político" e para vincarem que votarão contra.

O CDS justifica a sua moção de censura com as falhas do Governo e a falta de assumpção de responsabilidades políticas por parte do primeiro-ministro face aos incêndios de Pedrógão Grande, em Junho, e do passado fim-de-semana, que no total fizeram 107 vítimas mortais.

O líder parlamentar comunista afirma que pelo texto e pelos argumentos do CDS no debate de quarta-feira "se percebe que a moção de censura não tem rigorosamente nada que ver com perspectivas de resolução dos problemas da floresta ou dos incêndios florestais". "Esta moção de censura destina-se apenas a aproveitar de forma inqualificável a tragédia dos incêndios e para retirar dividendos políticos. O PCP votará contra ela porque não representa mais nada que isso do ponto de vista político geral", vincou João Oliveira.

Questionado sobre se o chumbo da moção reforça o Governo (como defendeu ontem o primeiro-ministro no debate quinzenal), o dirigente comunista replica que "o chumbo de uma moção de censura não reforça o Governo; o chumbo diminui quem a apresenta procurando aproveitar uma tragédia para efeitos partidários".

A deputada ecologista Heloísa Apolónia realçou que o CDS não tem autoridade para este tipo de moção uma vez que só deu maus contributos para a floresta - e agora também não está a contribuir para a solução. "É o CDS a censurar-se a si próprio."

“Aquilo que aconteceu este ano com em termos de incêndios, embora numa dimensão muito mais trágica que em anos anteriores, é resultado de políticas sucessivas que foram desenvolvidas por governos do PSD, CDS e PS que fragilizaram a segurança das populações e da floresta”, admitiu Heloísa Apolónia.

Mas reforçou que o CDS esteve no Governo anterior – Assunção Cristas foi mesmo ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território - e que nessa altura criou um regime de arborização e rearborização que fragilizou ainda mais a floresta e cortou um quarto do orçamento do INCF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Além disso, durante a recente discussão da reforma florestal os centristas não deram contributos em prol da defesa da floresta, acrescentou a ecologista

"Esta postura do CDS demonstra que isto é meramente uma estratégia partidária. E isso viu-se pela reacção do PSD, ontem, no debate, em clara concorrência com o CDS nesta matéria da censura ou da confiança" e na forma "como lidam com este momento trágico". Heloísa Apolónia "recusa liminarmente entrar nessa lógica do jogo partidário" e diz que o PEV está a puxar o Governo para ter soluções. "Estamos aqui para exigir do Governo; o CDS, infelizmente, não está para dar contributos."

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