De volta ao Canadá, casal raptado pelos taliban traz três filhos nascidos em cativeiro

Foram raptados quando Caitlin estava grávida do primeiro filho. Depois de cinco anos de cativeiro e violência, trazem três crianças - uma outra foi morta pelos talibã. Só pedem que os deixem recriar um lar.

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Reuters/Handout

O casal norte-americano Caitlan Coleman e Joshua Boyle, raptados no Afeganistão pelo grupo Haqqani, aliado dos taliban, quando percorriam o país de mochila às costas, em 2012, estão de volta ao Canadá e agora só querem ter um sítio seguro ao qual os três filhos sobreviventes possam chamar casa. Três sobreviventes porque já foram quatro crianças – os taliban mataram um, diz o pai, que acrescenta que também violaram a mulher.

“Obviamente que será muito importante para a minha família que agora possamos construir um santuário seguro ao qual os nossos três filhos sobreviventes possam chamar lar”, disse Joshua Boyle aos jornalistas ao chegar ao aeroporto de Toronto.

A família foi resgatada por forças paquistanesas no noroeste do país, na zona tribal de Kurram, muito perto da fronteira com o Afeganistão. Na altura a família estava a ser transportada de carro por alguns membros da Haqqani, mas depois de os militares paquistaneses os terem feito parar ao destruir os pneus, acabaram por fugir a pé, descreveu na altura o porta-voz do exército, o major-general Asif Ghafoor. O responsável defendeu que os militares não quiseram abrir fogo por receio de ferirem a família de reféns.

O Paquistão é há muito tempo acusado pelos Estados Unidos de não combater eficazmente a rede Haqqani, um grupo armado aliado dos taliban e que tem sido responsável por diversos ataques contra as forças estrangeiras em missão no Afeganistão, alguns turistas que ainda arriscam ir ao país e até mesmo contra as populações locais.

“A estupidez e a maldade da rede Haqqani no sequestro de um peregrino foram eclipsadas pela estupidez e maldade de mandarem matar a minha filha bebé”, disse Boyle durante uma declaração que leu com voz muito calma. “E a estupidez e maldade da posterior violação da minha mulher, que não foi uma acção isolada de um militar, mas sim por ordem e observada pelo capitão da guarda, e supervisionada pelo comandante”, descreveu. E não entrou em explicações ou pormenores sobre a questão da peregrinação, do assassinato da filha ou da violação de que a mulher foi alvo. O casal estava a fazer uma viagem que incluíra antes passagens pela Rússia, Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguistão.

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