Hoje votaria no "Brexit"? Theresa May balbucia e foge à pergunta (três vezes)

Primeira-ministra e o seu "braço direito" no Governo deixam no ar dúvidas sobre se acreditam de facto nas vantagens da saída da União Europeia.

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Theresa May Reuters/POOL

Se houvesse um referendo sobre o "Brexit" hoje, como votaria Theresa May que, em Junho de 2016, era defensora do “Remain”? A pergunta foi feita três vezes pelo jornalista Iain Dale mas a primeira-ministra britânica recusou-se a responder. Uma, duas e outra vez.

May ficou atrapalhada, balbuciou e, perante a insistência do jornalista Iain Dale da rádio LBC, a dada altura até pareceu ficar irritada, não conseguindo deixar uma ideia clara sobre se concorda ou não com o "Brexit". Preferiu argumentar que não responde a questões “hipotéticas” e que o cenário interno e externo é hoje muito diferente.

O episódio de não ter a primeira-ministra que está a liderar o processo do "Brexit" a afirmar-se convictamente a favor dele já seria por si só embaraçoso, mas o facto de acontecer no mesmo dia em que o seu primeiro secretário de Estado e ministro do gabinete Damian Green, voltou a defender na televisão que o país está melhor dentro da União Europeia.

De acordo com as edições online do Guardian e da Bloomberg, os dois responsáveis arriscam-se agora a ser alvo da fúria dos tories por causa desta indefinição – já depois das fortes críticas ouvidas há uma semana e meia no congresso do partido –, mas também estão a dar cada vez mais argumentos à oposição para questionar o real compromisso das duas mais altas figuras do Governo com o "Brexit".

Às perguntas insistentes e directas de Iain Dale, May gaguejou, disse não responder a “questões hipotéticas” e defendeu que em Junho de 2016 votou “Remain” por “boas razões na altura, mas as circunstâncias evoluíram. E o que é importante agora é que todos nos devemos focar em levar o "Brexit" a bom porto e ter o melhor acordo.”

A primeira-ministra continuou a argumentar que agora há um “contexto diferente”, inclusive a nível internacional e económico, disse que na altura olhou para “tudo” e chegou a uma conclusão e faria o mesmo hoje – mas fugiu a dizer se colocaria a cruz no quadrado oposto. “Estou a ser directa e honesta consigo: o que eu fiz da última vez foi olhar para tudo e chegar a uma conclusão e faria exactamente o mesmo desta vez. Mas não estamos noutro referendo e isso é absolutamente crucial. Nem vamos ter outro referendo. Vamos concluir o "Brexit" com base na decisão do povo britânico”, vincou.

Num programa da rádio LBC, durante a qual respondeu também a dúvidas dos ouvintes sobre o processo de saída da UE, Theresa May admitiu não ter ainda qualquer plano ou solução alternativa para os cidadãos dos outros Estados-membros que vivem no Reino Unido se não conseguir um acordo com Bruxelas.

Jo Swinson, um dos líderes dos democratas liberais, considerou ser “surpreendente que nem mesmo a primeira-ministra não está convencida da abordagem do seu Governo ao 'Brexit'”. Ao passo que o antigo ministro trabalhista para os assuntos europeus, Chris Bryant, afirmou que as respostas de May mostraram que a governante “não acredita verdadeiramente no "Brexit", o que torna a sua política ainda mais irresponsável”.

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