Um terço dos doentes com perturbações mentais graves não recebe cuidados adequados

Os dados oficiais divulgados pela Ordem dos Psicólogos, grande parte referentes a 2016, mostram que há uma "elevada prevalência anual de perturbações mentais" entre os portugueses, na ordem dos 22%, com maior predomínio para as perturbações de ansiedade e do humor.

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Francisco Miranda Rodrigues, bastonário dos psicólogos rui Gaudêncio

Um terço dos doentes com perturbações mentais graves não recebe os cuidados de saúde adequados, um dado divulgado à Lusa pela Ordem dos Psicólogos na véspera do Dia Mundial da Saúde Mental.

Baseando-se em dados oficiais relativos a 2016, a Ordem dos Psicólogos refere que quase 65% de pessoas com perturbações mentais moderadas e 33,6% com perturbações graves "não recebem cuidados de saúde mental adequados".

Para o bastonário dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues, continua a haver "muitos défices na capacidade de resposta" na área de saúde mental, mesmo para as perturbações mais graves.

"Estamos a falar de muita gente que não recebe o acompanhamento adequado ou em continuidade para as necessidades das pessoas", afirmou o bastonário à agência Lusa na véspera do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala terça-feira, dia em que devem ser divulgados estes e outros novos dados relativos à área em Portugal.

Para Francisco Miranda Rodrigues "não basta divulgar o número de consultas realizadas na área da saúde mental sem perceber o significado desse número, sem compreender ou medir o resultado dessas intervenções".

"Temos de ter indicadores que permitem perceber em que medida as nossas intervenções contribuem para melhorar a eficácia da saúde dos cidadãos", defendeu, sublinhando que o financiamento das unidades de saúde é depois feito também com base nos dados de produção de consulta, sem que se aposte em actividades preventivas na área da saúde mental.

Os dados oficiais divulgados pela Ordem dos Psicólogos, grande parte referentes a 2016, mostram que há uma "elevada prevalência anual de perturbações mentais" entre os portugueses, na ordem dos 22%, com maior predomínio para as perturbações de ansiedade e do humor.

Quanto aos casos de suicídio, situam-se numa média de três por dia, representando cerca de mil casos confirmados num ano.

De acordo com o mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde sobre o assunto, divulgado em Setembro, Portugal registou em 2015 uma taxa de 13,7 mortes por suicídio por cada cem mil habitantes, o que significa que 1370 pessoas ter-se-ão suicidado.

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