Isaltino replica em Oeiras o que Medina fez aos largos de Lisboa

De regresso à câmara, Isaltino Morais aposta em algumas medidas que nos habituámos a ver aplicadas em Lisboa. Mas, garante, há diferenças que vão tornar Oeiras num exemplo.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

No programa de Isaltino Morais para Oeiras surge uma proposta que corresponde, quase palavra por palavra, à que se encontra no programa Uma Praça em Cada Bairro, lançado pela Câmara Municipal de Lisboa em 2014. O recém-eleito autarca quer intervir no espaço público para criar novos largos nas vilas do concelho mas diz que a sua proposta é diferente da da capital.

No programa eleitoral de Isaltino Morais, defende-se como medida prioritária no Ordenamento de Território e Urbanismo a criação de “uma centralidade para cada freguesia”. Que é explicada da seguinte forma: “A partir de uma praça, de uma rua, de uma zona comercial, do jardim do bairro ou de um equipamento colectivo existente ou projectado propõe-se organizar um ponto de encontro da comunidade local, uma microcentralidade que concentre actividade e emprego, que se consagre como espaço público de excelência e local de estar, onde se privilegiem os modos suaves de locomoção, marcha a pé e bicicletas, os transportes públicos e onde o trânsito automóvel e estacionamento se encontram devidamente organizados.” Este texto é praticamente idêntico ao que consta no projecto lisboeta excepto na parte final: Isaltino quer o trânsito e o estacionamento “devidamente organizados”, a autarquia lisboeta diz apenas que o trânsito “será condicionado”.

O novo presidente de Oeiras diz que não quer imitar o que se faz na capital. “Não tem nada a ver com Lisboa”, assegura ao PÚBLICO, explicando depois o que pretende. “Nos últimos 30 anos procurámos fazer de Oeiras uma centralidade na Área Metropolitana de Lisboa”, diz. Alcançado esse objectivo, garante que é hora de olhar mais atentamente para cada uma das vilas que compõem o concelho. “Temos aglomerados que foram desenvolvidos numa lógica urbanística do quarteirão, do arruamento. Em muitas das localidades não foi desenhada uma grande praça”, descreve o futuro autarca.

“Sou dos primeiros a aplaudir” as obras que se fizeram em Lisboa, afirma Isaltino Morais, mas as cinco grandes praças que promete para o concelho terão algo que as lisboetas não têm. “A ideia é ligar as praças em rede”, colocando, por exemplo, “grandes ecrãs” em todas. “Um espectáculo que esteja a decorrer numa praça é transmitido para as outras.”

Segundo Isaltino, a ideia das praças nasceu da tentativa de encontrar uma nova função para o antigo Quartel de Linda-a-Velha – que terá um centro cívico e um auditório com capacidade para cerca de 1500 pessoas. Depois disso, decidiu-se que Algés vai ter uma enorme praça em frente ao mercado; que o centro histórico de Oeiras vai ser reformulado; que Caxias terá um largo renovado e sem carros e que em Porto Salvo também haverá um centro cívico.

Como estão as vilas actualmente, “as pessoas ficam sem entender qual é o centro”, diz o autarca, sublinhando que esta será “indiscutivelmente” uma marca da sua governação.

O programa eleitoral de Isaltino Morais tem 128 páginas ao longo das quais são elencadas centenas de medidas a implementar, umas mais detalhadas do que outras. O urbanismo, a mobilidade e a habitação assumem importância central. Algumas propostas fazem lembrar as que nos últimos anos nos habituámos a ouvir da boca de Fernando Medina, mas Isaltino diz que já pensava nelas ou já as tinha lançado quando foi presidente da câmara pela última vez.

É o caso, por exemplo, da “construção de passeios confortáveis nos percursos mais utilizados pela população” e da “substituição da calçada por materiais mais confortáveis.” A primeira obra do género em Oeiras foi feita numa rua de Algés há uns anos e “é um exemplo” do que se segue, afirma. “Vamos entrar numa fase em que vou ser radical nessa matéria”, afiança o autarca eleito, que agora regressa a uma câmara que conhece bem.

Do programa de Isaltino constam ainda medidas como a reactivação e prolongamento do polémico SATU, que Paulo Vistas mandou fechar em 2015. É também intenção do autarca, ao nível da mobilidade, “criar uma rede ciclável e disponibilizar bicicletas”.

Na habitação, os jovens são uma dos principais focos do documento. Aposta-se sobretudo no lançamento de um “novo programa de habitação municipal (construção de novos fogos) para arrendamento e aquisição acessível a famílias jovens e famílias numerosas”.

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