Estados Unidos retiram 60% do pessoal diplomático da embaixada de Havana

Os “ataques sónicos” são a causa da decisão norte-americana.

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Embaixada dos EUA em Havana Reuters/ENRIQUE DE LA OSA

Os Estados Unidos vão retirar 60% do seu pessoal na embaixada em Havana, Cuba, devido a “ataques sónicos”.

Mais de 20 diplomatas tiveram problemas de saúde devido a estes ataques – dores de cabeça, perda temporária de audição e náuseas. O Governo cubano nega qualquer envolvimento e diz que esta decisão vai afectar as relações bilaterais.

As fontes oficiais citadas pelos media dos EUA advertiram ainda que os cidadãos americanos não devem visitar aquele país devido a ataques ocorridos em hotéis.

Na semana passada o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, afirmou que a decisão sobre esta situação, que poderia implicar o encerramento da embaixada, estava sob avaliação. A Administração norte-americana nunca atribuiu responsabilidades directas ao Governo de Cubano por estes ataques, mas Tillerson lembrou, na terça-feira, ao ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodriguez, que Havana tem a obrigação de proteger os diplomatas e os seus familiares.

A Reuters cita ainda uma fonte oficial do Departamento de Estado americano que explica que nem Washington nem Havana conseguiram determinar a origem ou os responsáveis pelos ataques, acrescentando, no entanto, que o “Governo de Cuba é responsável por tomar todas as medidas apropriadas para prevenir ataques contra o pessoal diplomático em Cuba”.

Por sua vez, a agência noticiosa Associated Press diz que serão retirados os funcionários considerados não-essenciais e as suas famílias. Apenas “o pessoal de emergência” mantém-se na embaixada na capital cubana.

Entretanto, Havana já reagiu à decisão, considerando-a precipitada e defendendo que esta situação vai afectar as relações bilaterais entre ambos os países. “Nós consideramos que a decisão anunciada pelo Governo dos EUA através do Departamento de Estado é precipitada e vai afectar as relações bilaterais”, afirmou a responsável pelos assuntos relacionados com os EUA no ministério dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Josefina Vidal, numa conferência transmitida pela televisão estatal cubana, adianta a Reuters.

Além disso, o processo de entrega de vistos vai ficar parado até que Cuba consiga assegurar que os diplomatas norte-americanos estejam em segurança.

Em 2015, os EUA reabriram a sua embaixada em território cubano, na sequência da política de abertura das relações bilaterais entre os dois países conduzida por Barack Obama, depois de décadas de laços diplomáticos cortados. Em 2016, Obama tornou-se, inclusivamente, o primeiro Presidente a visitar Cuba desde Calvin Coolidge, em 1928.

Já este ano, em Junho, Donald Trump revelou que iria reverter parte deste plano de abertura iniciado pelo seu antecessor, apesar de ter descartado o encerramento da embaixada. No entanto, teme-se que esta série de ataques contra o seu corpo diplomático possa levar a que a actual Administração norte-americana reverta de forma mais célere e acentuada a política levada a cabo por Obama.

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