Irá Schäuble continuar nas Finanças?

Discussão é sintoma de possíveis dificuldades na formação do próximo Governo.

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Wolfgang Schäuble Philippe Wojazer / Reuters

Wolfgang Schäuble foi eleito pela primeira vez há 45 anos para o Parlamento de Berlim. Nas eleições legislativas de domingo, não há grandes dúvidas de que voltará a ser eleito. Já manifestou a sua disponibilidade para continuar ministro. Mas no 75.º aniversário de Schäuble, a chanceler Angela Merkel manteve o silêncio sobre o assunto.

Não é que alguém duvide que a equipa Merkel e Schäuble tem funcionado bem. “Não só é o seu parceiro leal, como é a ponte para a ala mais conservadora da CDU que nunca gostou de Merkel”, diz o analista do German Marshall Fund of the United States (GMFUS) Joerg Forbrig. E é o político mais popular do país.

No entanto, os liberais, que ainda são um potencial parceiro de coligação para Merkel, acabam de dizer que não entrarão numa coligação sem ficarem com este ministério. Tradicionalmente, o segundo partido das coligações no Governo alemão ficava com a pasta dos Negócios Estrangeiros, um lugar de prestígio e poder.

Mas as Finanças tornaram-se de facto a segunda posição mais importante e os liberais arrependeram-se de não ter ficado com este ministério na coligação com Merkel entre 2009 e 2013. No seu programa para estas eleições, os liberais têm uma posição muito fechada sobre o euro e a Europa, chegando mesmo a propor a possibilidade de expulsar um país da União Europeia e do euro.

Merkel não quer fechar a porta a nenhuma coligação, mas também não quer mostrar a sua preferência. Apenas disse que não era altura para experiências, parecendo afastar uma coligação Jamaica, que juntasse a CDU/CSU com os ecologistas e os liberais (e que tem as cores preto, amarelo e verde, as cores da bandeira da Jamaica).

A maioria dos analistas inclinam-se para uma “grande coligação”, como a que termina agora, e que junta os conservadores (CDU/CSU) e os sociais-democratas.

Mas Joerg Forbrig nota uma condição que tem de existir para que esta coligação aconteça: os membros do SPD têm de a aprovar depois de ser feito um acordo com um programa de Governo. “E aí está uma dificuldade, porque muitos membros do partido não querem.”

Numa situação “em que haja um forte resultado da AfD, e que não haja hipótese de um governo da CDU e dos liberais, o SPD (sociais-democratas) vai invocar o interesse nacional e talvez consiga a aprovação dos seus membros, mas pode não ser fácil”, antecipa o analista.

Uma outra hipótese é que, para ter uma posição mais forte junto dos seus apoiantes, o SPD possa exigir uma contrapartida pesada a Merkel, diz Forbrig: “o Ministério das Finanças”.

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