Trump chega à ONU com crises nucleares na agenda

O Presidente dos EUA vai discursar esta terça-feira na Assembleia-Geral da ONU pela primeira vez. Coreia do Norte e Irão são as suas prioridades.

Foto
Trump ao lado de Guterres durante uma conferência de imprensa na sede da ONU EPA/JUSTIN LANE

Tornar as Nações Unidas “grandiosas” atingindo o seu “potencial que, nos últimos anos, não foi alcançado "por causa da burocracia e da má gestão”, foi a promessa deixada esta segunda-feira por Donald Trump junto ao secretário-geral da ONU, numa reunião com diplomatas de 120 países que assinaram uma declaração que apoia as reformas internas propostas por António Guterres.

Foi uma espécie de ante-estreia do discurso do Presidente dos Estados Unidos fará na terça-feira, na 72.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, onde será o terceiro líder mundial a discursar, num ano que se antecipa que será marcado pela tensão na Península Coreana, com ameaças de crise nuclear, o risco de denúncia dos EUA do acordo sobre o nuclear iraniano, a perseguição dos rohingya na Birmânia, e saída dos EUA do acordo de Paris para as alterações climáticas.Mas, no fundo, a grande expectativa resume-se a um só nome: Donald Trump.

O Presidente dos EUA será o terceiro líder a discursar, depois do secretário-geral António Guterres e do Presidente brasileiro, Michel Temer. Os dias seguintes serão passados em reuniões e jantares com vários líderes mundiais, numa espécie de “speed dating vindos do inferno”, como descrevia um analista citado pelo New York Times.

Há um grande suspense sobre as ameaças de cortes na contribuição norte-americana para o orçamento e as várias agências das Nações Unidas, desde as operações de manutenção da paz até aos programas de promoção da saúde, por exemplo os que têm a ver com planeamento familiar, por poderem incluir o aborto. No ano passado, Donald Trump dizia que a ONU, “neste momento, não passa de um clube para as pessoas se juntarem, conversarem e passarem um bom momento”.

Reuniões com aliados

O programa nuclear norte-coreano, no entanto, lidera as preocupações imediatas. Depois da aprovação de mais um pacote de sanções muito duro, o regime liderado por Kim Jong-un realizou um novo teste balístico de um míssil de longo alcance, que sobrevoou território japonês. Esta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano emitiu uma declaração em que garantia que as sanções “só vão acelerar o desenvolvimento força nuclear do Estado”.

Na quinta-feira, Trump tem um almoço com os líderes da Coreia do Sul e do Japão, os dois principais aliados dos EUA na região. Esta segunda-feira discutiu por telefone com o Presidente chinês, Xi Jinping, a possibilidade de aumentar a eficácia das sanções.

Trump encontrou-se já com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para discutir o acordo sobre o nuclear iraniano. Telavive quer o fim do acordo assinado no Verão de 2015 – em que Teerão se compromete a congelar o seu programa nuclear e a receber inspecções internacionais em troca do levantamento de sanções económicas – e essa é uma ideia que tem sido bem acolhida por Trump, que diz ser “um muito mau acordo”.

Do outro lado, o Presidente americano terá vários líderes europeus que assinaram o acordo a pedir-lhe que o mantenha em vigor, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, que também se estreia na ONU. “Todos partilhamos as preocupações dos EUA sobre o papel desestabilizador do Irão na região, mas ao misturar tudo, arriscamo-nos a perder tudo”, disse à Reuters um diplomata europeu sob anonimato.

No próximo mês, Trump terá de decidir se o Irão está a cumprir as exigências contempladas pelo acordo e, caso a resposta seja negativa, o Congresso terá via aberta para avançar para a reintrodução de sanções.

Na agenda do Presidente norte-americano para os próximos dias, estão ainda encontros com o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, a primeira-ministra britânica, Theresa May, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o rei da Jordânia, o emir do Qatar e o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, entre outros. Ausente do programa de Trump parece estar qualquer reunião relacionada com as alterações climáticas, nota a imprensa norte-americana.

Sugerir correcção
Comentar