Santos Silva: Subida do rating abre "novas oportunidades" de investimento

Ministro dos Negócios Estrangeiros defende que melhoria da avaliação é mérito dos portugueses.

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Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros não vê dificuldades acrescidas nas negociações do OE com a esquerda MÁRIO CRUZ/LUSA

O ministro dos Negócios Estrangeiros destacou neste domingo as "novas oportunidades" que a subida do rating de Portugal abre para colocação da dívida portuguesa junto de investidores institucionais e atribuiu aos portugueses o "mérito principal" desta conquista.

"Alguns dos investidores institucionais, como os fundos de pensões, estão obrigados estatutariamente a só comprar divida com uma certa classificação, de grau de investimento, e portanto o facto de hoje termos a nossa dívida assim classificada por parte da Standard & Poor's [S&P] abre novas oportunidades para a colocação junto de investidores", afirmou Augusto Santos Silva à margem de uma visita à maior feira de calçado do mundo (a MICAM), em Milão, Itália, onde estão representados empresários portugueses.

Comentando a revisão em alta, na sexta-feira, pela agência de notação financeira S&P do rating atribuído à dívida soberana portuguesa de BB+ (a nota mais elevada de não investimento, descrita como lixo) para BBB- (a mais baixa de investimento), Santos Silva considerou tratar-se de "uma muito boa notícia".

"Portugal tem desde sexta-feira a sua dívida cotada em grau de investimento por duas agências, incluindo uma das três grandes agências (a S&P), e as outras duas agências já colocaram a dívida pública portuguesa em perspectiva positiva, o que quer dizer que, numa próxima revisão, teremos certamente todas as agências internacionais de rating a classificar a dívida portuguesa como uma dívida em que vale a pena investir", sustentou.

Questionado pelos jornalistas sobre o debate entre PSD/CDS e PS em torno dos méritos desta melhoria da avaliação da dívida portuguesa, Santos Silva, assumindo-se como "habituado à linguagem diplomática", preferiu apenas afirmar, "de uma forma muito simples e consensual, que o mérito principal pertence aos portugueses".

Já relativamente a uma eventual dificuldade acrescida levantada por esta subida do rating da República na negociação com os partidos da esquerda parlamentar do Orçamento do Estado para 2018, o ministro recordou que "a maioria da esquerda parlamentar é mesmo constituída pelo Partido Socialista" e assegurou que o Governo está "comprometido com uma trajectória de reversão do défice e da dívida pública" que é "absolutamente essencial", pelo que "nada" fará "que a possa pôr em causa".

"Esta subida do rating significa que foi possível, como nós sempre dissemos, combinar o rigor financeiro com políticas económicas e sociais mais activas e que este é o caminho que devemos continuar a trilhar", sustentou.

A este propósito, o governante recordou que "a última dívida colocada de Obrigações do Tesouro, portanto dívida a prazos relativamente longos, foi colocada na última quarta-feira com os juros mais baixos das colocações deste ano".

E, salientou, "uma dívida mais bem cotada significa menos encargos com juros para o orçamento português, o que significa que os contribuintes portugueses pagam menos pelo stock da dívida".

"Já há dois ou três anos que o nosso saldo primário é positivo, isto é, se descontarmos o que pagamos de juros de dívida, as nossas contas públicas estão equilibradas. Mas ainda temos um stock elevado de dívida e, por isso, gastamos por ano ainda muitos milhares de milhões de euros com o serviço de dívida. Quanto menos gastarmos, mais recursos temos para outras políticas, incluindo as políticas de incentivos económicos", afirmou.

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