Três bispos e muito dinheiro pelo caminho

Testamenteiro de mulher que deixou fortuna à Igreja madeirense gastou "milhares de euros em custas judiciais" para tentar saber em que foi gasto o legado.

Foto
fabio augusto

Numa altura em que na Madeira não existiam organismos dedicados ao tratamento de doentes cancerígenos, a Igreja era o destino mais óbvio para o destino da herança de Eugénia Bettencourt, face à vontade desta em contribuir para a luta contra o cancro.

Rufino Teixeira, numa das muitas intervenções sobre o tema, admite que foi ele a indicar a Igreja como destino para aquele património, como foi ele que insistiu para que Eugénia Bettencourt o colocasse como testamenteiro, como garantia de que a herança seria aplicada conforme a vontade desta.

Pelo caminho, segundo o advogado João Lizardo, gastou “alguns milhares de euros em custas judiciais”, e cruzou-se com três bispos. O primeiro foi D. Francisco Santana, que viria a morrer dois meses depois da benemérita. Rufino Teixeira, sempre que falava sobre o caso, só guardava elogios para esse bispo. Segundo o testamenteiro, D. Francisco Santana terá mesmo perguntando o que a Igreja faria com o legado, caso o cancro passasse um dia a ser uma doença erradicada.

O choque principal foi com o bispo seguinte, D. Teodoro de Faria, hoje emérito. “Após continuados diálogos com o agora emérito Bispo Teodoro de Faria nunca nada era concretizado conforme a vontade da testadora”, escreveu numa carta (ver texto principal) por ocasião dos 500 anos da Diocese do Funchal, em que diz ter sido forçado a recorrer à justiça para que a vontade de Eugénia Bettencourt fosse cumprida.

Com o actual bispo, D. António Carrilho, a convivência também não foi pacífica. “Insinuou assumir o cumprimento da vontade da senhora mas apenas a partir da sua nomeação como bispo, esquecendo-se todo o passado por este ser-lhe desconhecido”, escreveu, dizendo que os assuntos de qualquer diocese não começam ou acabam com a entrada de um novo bispo.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários