Red Bull relançou o Salzburgo mas dividiu os adeptos

Há duas equipas portuguesas que se vão cruzar nas provas da UEFA com as apostas futebolísticas ?da marca austríaca. A primeira é o V. Guimarães, que hoje se estreia na Liga Europa 2017-18.

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Há poucos meses, a UEFA autorizou a inscrição de duas equipas, de Leipzig e de Salzburgo, tuteladas pela mesma marca, que já se conhecia da Fórmula 1 e dos desportos radicais, não vendo qualquer razão para o impedimento. Anos antes, em 1990, não foi o caso de AEK de Atenas e Slavia de Praga, que não puderam defrontar-se por estarem ligados a uma empresa inglesa de investimentos chamada ENIC. O RB Leipzig virá ao Porto lá mais para diante, em Novembro, mas hoje já teremos por cá o Salzburgo, que joga em Guimarães para a Liga Europa.

Na organização do futebol da Red Bull há uma singularidade: Ralf Rangnick, um senhor já com história no futebol alemão, é o director desportivo das duas equipas da “marca” e gosta de trabalhar com gente nova, sequiosa, com vontade de subir na carreira. Nesse sentido, rompeu com a linha anterior, ao preferir não seguir ideias dos antecessores, que sonhavam com vedetas.

A aposta, agora, passa por jovens ambiciosos capazes de procurarem o golo até ao último minuto de cada jogo. Vários deles “estagiaram” no RB Salzburgo, um dos quais foi uma surpresa, o guineense Naby Keita, já na lista de clubes de primeiro plano. É conhecido como “Deco” pelos colegas, por ter como modelo o médio que se notabilizou no FC Porto e no Barcelona e que o inspira desde miúdo.

Em Salzburgo, não é só o dinheiro do empresário austríaco Dietrich Mateschitz que conta, como parecia sugerir a escolha de Giovanni Trappatoni e Lothar Matthäus para liderar o projecto. Na Áustria, a intervenção do milionário não foi pacífica. Tocou no violeta da cor tradicional da equipa para adoptar o branco e vermelho das cores dos “Roten Bullen” e foi mais longe: a designação de RB Salzburgo mexeu com os sentimentos dos adeptos do Áustria.

Zangados, muitos deles decidiram criar, em 2005, um outro clube registado com o nome original de SV Áustria Salzburgo, para serem fiéis à tradição: o velho SV Áustria que, quando se chamava Casino de Salzburgo, eliminou o Sporting, de Figo e Paulo Sousa, da Taça UEFA. Compete agora nas Ligas regionais mas cada jogo no seu modesto estádio de 2320 lugares é uma pequena festa.

Na Alemanha, porém, nem tudo é festivo para o RB Leipzig. Quando joga fora costuma encontrar um ambiente adverso, visível em faixas com frases insultuosas, mas o segundo lugar na Bundesliga 2016-17 dá-lhe o direito de ser visto como equipa a temer. O treinador é um antigo internacional austríaco, avançado do Salzburgo, que jogou na Bélgica e passou pelo Bayern, Ralph Hasenhüttl, que quer manter a intensidade do jogo até ao último momento — não é por acaso, de resto, que a equipa marca muitas vezes no quarto de hora final.

Esta política é para manter. Leipzig já não tem apenas fama de cidade de cultura mas ganhou um lugar na órbita do futebol germânico. Afinal, o primeiro título da Alemanha foi conquistado pelo VfB Leipzig em 1903 e o Lokomotiv Leipzig, que levava mais de 100 mil espectadores ao gigantesco Zentralstadion, chegou a ser finalista da Taça das Taças, em 1987.

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